O primeiro Fórum Artes e Ofícios que decorre em Ponta Delgada, nos Açores, a partir de sexta-feira, pretende colocar o artesanato “no topo da agenda” e mostrar a importância deste setor no mundo contemporãneo, revelou hoje a organização.
“Não se olha para o artesanato como parte integrante da economia de hoje em dia. Apesar de ser um setor frágil, é no fundo aquele que está mais alinhado com os valores da ecologia, das raízes, do ambiente, da economia circular, e só precisa de se afirmar a sua atualidade”, afirmou a coordenadora do Centro de Artesanato e Design dos Açores, Alexandra Andrade, em declarações à agência Lusa.
A 1ª edição de ‘Hands on Azores – Fórum Artes e Ofícios – Pensar o Fazer’ decorre em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, entre sexta-feira e sábado.
Desenvolvida pelo Centro de Artesanato e Design dos Açores (CADA), esta iniciativa tem três painéis de oradores convidados e pretende “provar que o saber-fazer artesanal pode estar no centro das atividades culturais e económicas”, integrando uma lógica de sustentabilidade.
Alexandra Andrade adiantou à Lusa que os Açores têm perto de 600 unidades produtivas artesanais registadas, vincando que se trata de um setor com “grande importância” a nível regional.
“É um setor específico tem as suas fragilidades, mas já tem a sua importância ao nível da região”, referiu.
A coordenadora do Centro de Artesanato realçou que o fórum serve também para que artesãs e artesãos, ‘designers’ e agentes das indústrias criativas, profissionais, investigadores e especialistas ligados ao setor das artes e ofícios “não se sintam sozinhos e isolados para que conheçam outras perspetivas”.
“E, possamos colocar o mundo artesanal no universo da contemporaneidade”, sublinhou.
A curadoria de ‘Hands on Azores’ pertence a Kathi Stertzig e Álbio Nascimento, os designers por detrás da Origem Comum – plataforma portuguesa de trabalho e de investigação que preserva práticas ancestrais e recupera e cria novos modelos.
Aquela dupla é também autora da Estratégia Nacional para as Artes e Ofícios Tradicionais – Saber Fazer.
Álbio Nascimento explicou à Lusa que o foco principal do fórum “é trazer as questões da contemporaneidade à mesa do debate”, num setor com grande ligação à tradição e às raízes.
“É um assunto transversal a todo o mundo e daí o nível internacional que o fórum assume, com oradores de várias partes do mundo que trabalham no terreno, que têm a sua carreira desenvolvida à volta do artesanato, ensinam boas práticas, com o intuito de valorizar o artesanato neste mundo contemporâneo”, sublinhou.
Álbio Nascimento considerou que os Açores têm um “percurso pioneiro naquilo que é uma organização do setor a nível nacional”, nomeadamente em termos de apoios a projetos, incubação de projetos, representação em feiras, recenseamento e organização.
“É um percurso pioneiro”, vincou, em entrevista à Lusa, o co-curador, acrescentando que o fórum pretende colocar o artesanato no topo da agenda e mostrar a importância destas artes e ofícios, os desafios e respostas que este setor tem no mundo global.
As artes e ofícios tradicionais devem ser vistos como parte integrante da economia e “não como algo obsoleto”, notou.
A iniciativa vai contar com oradores provenientes de várias partes do mundo.
‘Hands on Azores’ integra o MODAMAC – projeto criado no âmbito do Programa Operacional de Cooperação Territorial Interreg Mac 2014-2020 – e é promovido pela secretaria regional da Juventude, Qualificação Profissional e Emprego através do Centro de Artesanato e Design dos Açores.