O FC Porto colocou-se hoje a quatro pontos do líder Benfica, ao vencer em casa o Santa Clara, por 2-1, em jogo da 28.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol.
Uribe inaugurou o marcador, aos 34 minutos, de grande penalidade, com Namaso a fazer o 2-0, aos 80, já depois de Otávio ter falhado um penálti, aos 42, com os ‘dragões’ a aproveitarem a derrota do Benfica em Chaves (1-0) horas antes, passando a ter 67 pontos, a quatro pontos das ‘águias’.
O Santa Clara, que sofreu a nona derrota seguida, ainda reduziu por Tagawa, aos 90+2, e mantém-se no 18.º e último lugar, com 15 pontos.
Declarações dos treinadores do FC Porto e do Santa Clara no final do encontro da 28.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, que se realizou no Porto:
Sérgio Conceição (treinador do FC Porto): “ Os jogos são jogos e foram apenas três pontos. À medida que vamos caminhando para o fim, os pontos têm uma importância grande. O Santa Clara fez o máximo para levar daqui pontos.
Estes finais de campeonatos nunca são fáceis. Nós em casa temos ganho, excetuando o Gil Vicente, com brilhantismo. Hoje foi mais um jogo difícil e devíamos ter feito mais golos na primeira parte, também falhámos um penálti, o que acontece. Na segunda parte, tínhamos de criar mais dificuldades ao processo defensivo do Santa Clara, sinto que não estive tão bem. Tenho que dar a mão à palmatória e dizer que é culpa minha, os jogadores tentaram fazer o que queria e não conseguiram.
Também temos de dar mérito ao Santa Clara, se está lá é porque não fez o suficiente para não estar noutro lugar, mas tem jogadores interessantes e os jogos começam a diminuir. Nós sabemos disso e não estivemos tão bem, eu não estive tão bem a dizer o que queria aos jogadores. Normalmente eles metem em campo quase a 100 por cento a nossa estratégia.
Criámos algumas situações, mas podíamos ter feito mais golos, e permitimos que o adversário saísse para o ataque, ainda que sem grande perigo, mas perdemos muitas bolas e devíamos ter tido um controlo de jogo diferente. Tentei retificar ao intervalo, às vezes corre bem, hoje não correu tão bem. Mas estivemos bem, tirando aquele no golo no final. Não foi demérito dos jogadores, foi do treinador.
Irritado ando todos os dias, faz parte da minha personalidade. Na roda estava a falar sobre o jogo e sobre coisas que devíamos ter feito melhor, mas não foi palestra nem coisa parecida. São coisas que temos de perceber como equipa, há situações que temos de controlar melhor e de forma diferente. Nando aqui aos pulos de alegria, mesmo quando estou contente por dentro”.
Danildo Accioly (treinador do Santa Clara): “Claramente fiquei com a sensação que poderia ter saído daqui com outro resultado pelo que os atletas fizeram hoje, num momento difícil. Pela necessidade de pontuarmos, mas sim saímos com a cabeça erguida, deixamos uma boa imagem, mostramos bem o que é a nossa imagem, e nos jogos que nos restam queremos deixar esta aplicação e continuar a dignificar o nosso clube.
Não podemos estar agarrados que os outros possam vir a fazer. Temos que olhar para nós. Tenho que deixar uma palavra para os meus jogadores e para tudo o que fizeram”.
COMENTÁRIO
FC Porto tímido bate Santa Clara e deixa luta pelo título ao rubro
O campeão nacional FC Porto deixou hoje ao rubro a corrida ao título da I Liga de futebol, ao vencer com sofrimento o lanterna-vermelha Santa Clara, por 2-1, na 28.ª jornada, abreviando para quatro pontos a desvantagem face ao Benfica.
No Estádio do Dragão, no Porto, onde os adeptos da casa comemoram antecipadamente nas bancadas a derrota dos ‘encarnados’ em Chaves (0-1), o colombiano Matheus Uribe, de penálti (34 minutos), e o inglês Danny Namaso (80) guiaram os detentores do cetro ao seu terceiro êxito seguido, suavizado perto do fim pelo japonês Kyosuke Tagawa (90+2).
O FC Porto cimentou o segundo lugar, com 67 pontos, para ficar agora quatro abaixo do Benfica, pressionando o Sporting de Braga, terceiro classificado, com 62, e o Sporting, quarto, com 57, que vão receber no domingo o Gil Vicente e o Arouca, respetivamente.
Com o 15.º jogo sem ganhar e a nona derrota seguida, o Santa Clara continua no 18.º e último lugar, com apenas 15 pontos, sendo que, em função de outros resultados do dia, passou a estar a 10 da zona de salvação direta e a sete da vaga de acesso ao play-off.
Ao cabo de 326 encontros no escalão principal, dispersos por cinco clubes e 11 épocas distintas, Sérgio Conceição juntou-se a Jorge Jesus, José Maria Pedroto, Manuel José, Mário Wilson, Fernando Vaz ou Manuel de Oliveira e aos húngaros János Biri e Joseph Szabo num restrito lote de treinadores que lograram, pelo menos, 200 vitórias na prova.
O recordista de títulos e triunfos à frente do FC Porto foi mesmo o mais rápido a alcançar essa marca e tem a melhor taxa de aproveitamento (61,3%), logo à frente do ‘mestre’ e antigo técnico ‘azul e branco’ José Maria Pedroto, que já designou ser a sua referência.
Os castigos de Marko Grujić e Mehdi Taremi abriram espaço aos regressos de Stephen Eustáquio e Toni Martínez ao ‘onze’ inicial de Sérgio Conceição, que manteve a fórmula do clássico vencido na Luz (2-1), com Otávio a surgir nas costas da referência atacante.
O FC Porto apoderou-se da bola desde cedo e conduziu o duelo na direção da baliza do Santa Clara, mas esteve precipitado nas zonas de decisão e só despertou ao quarto de hora, com Matheus Uribe a atirar à barra e Toni Martínez a acertar no poste na recarga.
Aos 24 minutos, Gabriel Batista afastou um ‘tiro’ de longe de Eustáquio para preservar a resistência insular, que seria desfeita aos 32, com o médio colombiano a fazer o 1-0 da marca de penálti, depois de uma falta cometida por Ygor Nogueira sobre Toni Martínez.
Com Matheus Nunes, Bruno Jordão e Ricardinho a render Paulo Henrique, Andrezinho e Kento Misao face à derrota caseira diante do Vizela (0-1), o conjunto de Danildo Accioly tentou libertar-se de amarras defensivas, mas voltaria a tropeçar a caminho do intervalo.
Toni Martínez voltou a cair na área, desta feita no duelo com Sagna, e o árbitro Cláudio Pereira foi consultar as imagens do videoárbitro (VAR) para assinalar o segundo castigo máximo a favor do FC Porto, cuja conversão de Otávio passou ao lado, aos 42 minutos.
O ritmo morno alastrou-se no reatamento e foi gerando inquietação junto dos campeões nacionais, que, mesmo sem abdicarem do controlo das incidências, apenas ameaçaram de longe por Pepê, aos 59 minutos, e permitiram alguma ousadia ao lanterna-vermelha.
Costinha (46 minutos), Bruno Jordão (60) e Ricardinho (62) remataram para fora, numa fase em que Sérgio Conceição refrescava o ataque do FC Porto com Danny Namaso e o regressado Evanilson, recuando Otávio no meio-campo e Pepê sobre o corredor direito.
Andrezinho e Filip Stevanović foram lançados por Accioly, que viu Nogueira cabecear ao lado, após canto de Costinha, aos 75, numa estratégia quebrada cinco minutos depois, quando Namaso foi oportuno a punir um alívio defensivo imperfeito ao centro de Galeno.
Os ‘dragões’ suspiraram fundo por voltarem a encurtar o atraso para o Benfica, que tinha chegado ao clássico com 10 pontos de avanço, mas os recém-entrados Gabriel Silva e Kyosuke Tagawa foram a tempo de cessar nos ‘descontos’ um período de quatro rondas sem golos do Santa Clara, responsável por um dos deslizes portistas na primeira volta.