A Ordem dos Enfermeiros nos Açores alertou hoje para a falta de profissionais no Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, alegando que há serviços com uma média de oito turnos extraordinários por enfermeiro.
“Ficou evidente a necessidade de reforço das equipas de enfermagem. Estamos, em alguns serviços, com uma média de oito turnos extraordinários por enfermeiro para que se possa garantir as dotações mínimas exigidas. Existem enfermeiros contratados ao abrigo da ‘lei covid’ que, a não ser feito nada no imediato, poderão em breve ver os mesmos finalizados, e nós precisamos desses profissionais”, afirmou o presidente da secção regional dos Açores da Ordem dos Enfermeiros, Pedro Soares, citado em comunicado de imprensa.
Os dirigentes regionais da Ordem dos Enfermeiros visitaram, durante quatro dias, hospital, centros de saúde, casas de saúde e lares de idosos da ilha Terceira.
Num balanço da visita, Pedro Soares reivindicou um reforço de recursos humanos no Hospital da Ilha Terceira, mas também a conclusão do processo de regularização de carreiras.
“Há um esforço por parte da direção de enfermagem em garantir a qualidade dos cuidados. Obviamente que não se fazem omeletes sem ovos, e neste momento a componente financeira tem um peso determinante nesta equação. Devemos motivar as equipas, apoiando a formação profissional, bem como levando a cabo os reposicionamentos salariais o quanto antes”, apontou.
No Centro de Saúde de Angra do Heroísmo, a Ordem detetou “problemas estruturais graves com necessidade de correção imediata”, salientando a falta de segurança no espaço dedicado ao programa de substituição opiácea.
“Não podemos continuar a usar viaturas com mais de vinte anos de uso, onde obviamente está colocado em causa a segurança das equipas domiciliárias. O desinvestimento no passado na manutenção da estrutura física é evidente, verificando-se um esforço para a possível recuperação”, acrescentou Pedro Soares.
Apesar de ter identificado problemas semelhantes no Centro de Saúde da Praia da Vitória, o presidente da Ordem dos Enfermeiros nos Açores destacou “melhorias nas infraestruturas da unidade básica de urgência e algum reforço das equipas”.
Quanto aos núcleos de saúde familiar das freguesias do concelho da Praia da Vitória, o representante dos enfermeiros apelou a um “maior envolvimento por parte do poder autárquico” na melhoria das condições físicas destes espaços.
Pedro Soares disse ter encontrado “bons exemplos de valorização profissional” no Lar D. Pedro V, mas lamentou que “este exemplo não seja seguido por todas as instituições do género”, alegando que os enfermeiros dos lares de idosos “muitas vezes são esquecidos por parte das próprias instituições”.
O presidente da Ordem dos Enfermeiros nos Açores alertou ainda para o “subfinanciamento” das casas de saúde, que tratam da saúde mental e psiquiátrica na ilha Terceira.
“Apesar disto, preservam as suas equipas, tentando oferecer condições laborais e remuneratórias dignas, combatendo assim a desertificação profissional nesta área. Enquanto Ordem, iremos tentar nos próximos tempos promover na comunidade o trabalho destes enfermeiros e ajudar a combater algum estigma que ainda existe”, vincou.