O especialista em relações internacionais Miguel Monjardino defendeu na quarta-feira que a União Europeia (UE) e a NATO não vão ser suficientes para proteger a Europa no futuro, sendo necessário “caminhar para uma arquitetura institucional diferente”.

“Neste momento de transformação, já que falamos tanto da NATO, a arquitetura de segurança, defesa e económica europeia é assente em duas instituições: a União Europeia e a NATO. (…) Do meu ponto de vista, não será suficiente no futuro”, começou por dizer.

E prosseguiu: “Teremos de caminhar para uma arquitetura institucional diferente, mais densa, que no fim de contas ancore melhor a Europa e os Estados Unidos, não só no domínio militar, mas em outros domínios”.

O professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa falava em Angra do Heroísmo, nos Açores, na conferência internacional “Novos Desafios de Segurança e Defesa”, promovida pelo Governo Regional.

Monjardino admitiu que no futuro poderá existir uma “tensão” entre os que defendem uma “maior integração ou uma maior flexibilização europeia”.

A propósito da situação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla original em inglês), o especialista em política internacional advogou que “um dos principais agentes do alargamento” da aliança foram os “países da Europa central que pressionaram os Estados Unidos”.

O académico defendeu que o atual momento destaca a importância da “memória histórica”, mas alertou que o “desejo de modernização acentua as Matemáticas e as Ciências em detrimento da História, da Geografia e das Artes”.

“O momento que vivemos na Europa chama a atenção para a importância da História. O paradoxo é que nas nossas sociedades, que acentuam cada vez mais as Ciências e as Tecnologias, a História é considerada cada vez mais uma disciplina irrelevante”, vincou.

Miguel Monjardino, de origem açoriana, avisou ainda para a diminuição da importância geoestratégica dos Açores.

“Os últimos 30 anos diminuíram a importância geoestratégica dos Açores. Foi um período de 30 anos e os resultados estão à vista. O futuro será um tempo interessante para nós, mas teremos de estar muito atentos em varias áreas da politica internacional”, assinalou.

Antes, na mesma conferência, o ministro dos Assuntos Europeus e da Gestão de Propriedade da Finlândia lamentou o “jogo político” em torno dos processos de adesão à NATO e alertou que a Europa está “demasiado dependente” dos Estados Unidos na defesa.

“É triste constatar até que ponto o processo de ratificação foi objeto de um jogo político. Uma aliança que depende essencialmente do princípio dos três mosqueteiros – um por todos, todos por um – e que não consegue ratificar rapidamente a adesão de dois candidatos que a reforçam de forma inequívoca, tem um problema”, considerou Anders Adlercreutz.

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