O PSD/Açores acusou hoje o líder socialista açoriano, Vasco Cordeiro, de “absoluta incoerência com o seu passado recente” e de “tentar criar polémica” em torno do novo programa de apoio à imprensa privada.
“Além de incoerentes, as afirmações do deputado Vasco Cordeiro revelam uma profunda falta de rigor”, criticou o deputado regional Joaquim Machado, aludindo à anterior governação do PS no arquipélago.
O parlamentar, que é também presidente dos Trabalhadores Social-Democratas/Açores, falava numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, sobre o novo programa de incentivo à comunicação social privada regional.
Na quarta-feira, o líder do PS/Açores e anterior presidente do executivo açoriano afirmou que o novo programa de incentivo à imprensa privada nos Açores é uma “grotesca, perversa e mal disfarçada tentativa do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) de controlar a comunicação social”.
Hoje o grupo parlamentar do PSD/Açores criticou o PS por “tentar criar uma polémica”, lembrando que a proposta de decreto legislativo regional que vier a ser aprovada pelo Conselho do Governo é depois remetida ao parlamento e “caberá aos deputados a derradeira palavra sobre o assunto”.
“Veio o presidente do Partido Socialista tecer um conjunto de considerações tão absurdas quanto politicamente incoerentes com o passado do deputado Vasco Cordeiro, quer quando esteve no governo, como desde que está na oposição”, sustentou Joaquim Machado, frisando que o executivo açoriano “trabalhou de forma dialogada com o Sindicato dos Jornalistas e com empresas de comunicação social” neste processo de revisão dos apoios à comunicação social privada.
O social-democrata acrescentou que as críticas do socialista “tentam branquear o passado de interferência do PS na comunicação social dos Açores” e realçou que “em caso algum se trata de pagar vencimentos aos jornalistas, mas sim atribuir às empresas de comunicação social uma compensação relativa aos seus encargos salariais”.
O líder do PS/Açores, acrescentou, “gastava anualmente mais de um milhão de euros por ano em assessoria de imprensa e imagem do seu governo”, que “tinha 16 profissionais de comunicação nomeados politicamente, na maioria jornalistas recrutados nas redações da rádio e televisão públicas, assim como em empresas privadas, a que acresciam os funcionários públicos do então GACS”, o gabinete de apoio à comunicação social do executivo.
Joaquim Machado sublinhou que há dois anos Vasco Cordeiro entregou no parlamento do Açores “uma proposta para o Governo Regional pagar, durante o primeiro semestre de 2021, um apoio mensal de 628 euros ao salário de cada jornalista dos órgãos de comunicação social privados”.
“Agora que o governo da coligação propõe suportar os encargos salariais com um apoio às empresas que pode atingir, no máximo, 600 euros, já acha mal”, destacou.
Para o PSD/Açores, “afirmar que a ajuda condiciona a liberdade e isenção dos jornalistas é uma tremenda hipocrisia que, acima de tudo, insulta o profissionalismo e o sentido deontológico dos profissionais da comunicação social açoriana”.
O partido alertou ainda que o setor enfrenta “dificuldades, determinadas pela pequena dimensão do mercado, que a descontinuidade territorial agrava”. Vão surgir acréscimos significativos de encargos, pelo que as empresas de comunicação social “devem ser ajudadas”, no seu entender.
“Não queremos um quadro legal de financiamento da comunicação social privada em que os apoios às empresas estavam sujeitos a rateios, como sucedeu no governo do deputado Vasco Cordeiro”, sustentou Joaquim Machado.
Na Madeira existe um apoio semelhante, desde 2016, para compensar as empresas com os encargos com os salários e isto não deu polémica, referiu.
Segundo o projeto de decreto legislativo regional açoriano, a que a agência Lusa teve acesso, no caso de jornalistas contratados por tempo indeterminado nas “áreas da produção, edição e difusão de conteúdos informativos” é suportado 40% do respetivo salário.
O Media+, que ainda vai a Conselho de Governo, seguindo depois para o parlamento açoriano, prevê suportar até 40% dos salários dos jornalistas até 1.500 euros, comparticipar formações e projetos multimédia.