O governo de direita, PSD/CDS/PPM suportado pela Iniciativa Liberal e pelo chega, entrou com a força toda. Um governo que se dizia progressista e transformista.
Para a área do bem-estar animal foi ouvir as bonitas palavras de António Ventura, secretário responsável pela área animal, que, em bonitas lengalengas, prometia a mudança e a reviravolta para os animais, para mais tarde ousar afirmar que a nossa região está na “vanguarda do bem-estar animal”.
No entanto, o que se tem assistido é a uma sucessão de cambalhotas protagonizadas por este governo no que aos animais concerne.
Era a revolução nos apoios às associações de animais, que muito bem e a expensas suas, são as grandes impulsionadoras da esterilização e do tratamento veterinário. Passado pouco tempo de governação à direita, os atrasos nos pagamentos dos apoios começaram a suceder-se, para mais tarde receberem notificações, da direção da secretaria de António Ventura, referindo que haveria corte nestes apoios devido ao aumento de associações. Enterrou-se ou enterraram Ventura, pois este argumento só revela que as medidas executadas pelo governo não resultam e há necessidade de mais associações intervirem para travar o abandono, para esterilizar, chipar e vacinar.
Recentemente, aquando de uma tourada à corda, 3 bovinos tiveram de ser abatidos por falta de condições para a corrida. Calor? Demasiado tempo fechados em espaços exíguos? Falta de água?
Da parte da Câmara Municipal (PSD/CDS) assistimos a duas tristes declarações (na Antena 1 e na RTP Açores) onde se tentou desvalorizar o ocorrido e a subestimar as pessoas que exigiam respostas para o sucedido. E eu a pensar que estas entidades tinham orgulho naquilo que licenciam, mas pelas declarações proferidas fica-se com a ideia de que, o facto de morrem três bovinos, para o executivo da Praia da Vitória, não tem importância. Aliás, foi mesmo a sra. Vereadora dessa autarquia que referiu que se estava a dar muita importância ao caso.
Do Governo Regional, esse que se afirma na vanguarda do bem-estar animal, nem um pio. Para quê? São só bovinos e a festa continuou. Ali já não se perdem votos.
Face ao silêncio do Governo Regional e à importância que o bem-estar animal tem, o BE enviou um requerimento solicitando explicações, que se espera não venham com subterfúgios.
Nesse mesmo dia recebemos denúncias de outras situações semelhantes ocorridas, o que se traduz na cada vez mais recorrente morte de bovinos durante e após as corridas. Pedem-nos anonimato, pois receiam represálias e falam de censura em determinadas gravações para que não seja do conhecimento público.
Agora, chega-nos das Flores o abate de mais de uma dezena de gamos. Mas, para contextualizar temos de voltar atrás no tempo e no espaço. Estávamos em setembro de 2021, quando em declarações, António Ventura avançou com a possibilidade de iniciar um processo de abate de gamos, como forma de diminuir a população destes animais no Monte Brasil, na ilha Terceira. Face à intervenção do BE e à pressão popular, foi encontrada avançada como solução o envio destes animais para, e passo a citar o Governo Regional, “outros espaços públicos”, nomeadamente “Reservas Florestais de Recreio dos Açores”.
No entanto, o envio destes animais para as Flores não foi acompanhado de medidas necessárias ao controlo da densidade populacional destes animais.
Como bem sabe este Governo de direita, remediou o problema da Terceira, criando outro nas Flores.
O conhecimento deste abate levou a uma profunda consternação da população residente nas Flores, e não só, que não se revê neste tipo de soluções.
O Governo Regional criou o problema e lavou as suas mãos. Só que as lavou no sangue destes animais.
Creio que nem as pessoas que não têm os animais como uma preocupação se reveem neste tipo de soluções governativas. Cruel.
Afinal, onde está a vanguarda do bem-estar animal?