O sócio-gerente da empresa Conseran, que se dedica à transformação de pescado, José de Freitas, defendeu hoje a certificação internacional do atum dos Açores, com o objetivo de valorizar espécies como o bonito e o patudo.

“Não chega ser atum dos Açores. É preciso dar-lhe uma certificação com reconhecimento internacional. Provavelmente, se o patudo tivesse esse reconhecimento, estaria a ser mais fácil, aos operadores, a sua colocação”, advertiu o empresário, durante a cerimónia de inauguração, na Madalena do Pico, da fábrica de conservas da Conseran, que custou 15 milhões de euros.

Segundo José de Freitas, os mercados internacionais “preferem o atum certificado” e são capazes de pagar preços mais elevados por espécies certificadas, por isso, deixa um aviso: “avencem com a certificação porque todo o setor vai ser beneficiado”.

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, que presidiu à cerimónia de inauguração da nova unidade fabril, garantiu que o executivo regional está já a trabalhar na certificação do atum capturado nos Açores.

“Os Açores estão a trabalhar na certificação do atum para promover e potenciar um modelo competitivo internacional, valorizando o atum dos Açores”, garantiu o governante social-democrata, respondendo ao repto lançado, momentos antes, pelo sócio-gerente da Conseran.

O chefe do executivo de coligação (PSD, CDS-PP e PPM) adiantou que a estratégia definida pelo Governo Regional nesta matéria passa por garantir, cada vez mais, “sustentabilidade” no setor das pescas açoriano.

“Nós temos a profunda convicção estratégica que uma governação solidária entre gerações olha a sustentabilidade como uma referência e uma causa declinável, perante interesses de circunstância”, insistiu José Manuel Bolieiro.

A nova fábrica da Conseran, que demorou cerca de um ano e meio a ser construída, só começará a laborar em setembro, com 80 funcionários, depois de concluídas todas as vistorias, prevendo-se que possa empregar, a médio prazo, perto de 140 trabalhadores.

Segundo o gerente da empresa, esta mão-de-obra foi recrutada localmente, sem ser necessário recorrer a trabalhadores estrangeiros, como chegou a ser inicialmente equacionado.

Com capacidade para laborar 25 toneladas de atum por dia, a fábrica vai iniciar a sua atividade com a transformação de 13 milhões de latas, podendo atingir, em 2025, o máximo de 21 milhões.

A nova unidade fabril contempla uma área de receção de peixe, câmaras de refrigeração e de descongelação, zonas de cozedura, câmaras de arrefecimento, duas linhas de preparação de pescado, cinco linhas de enchimento de latas, zona de embalamento e armazém.

O investimento da Conseran no Pico resulta do encerramento, em maio de 2018, da fábrica de conservas da Cofaco naquela ilha, que levou ao despedimento de 162 trabalhadores.

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