O Grupo SATA encerrou o ano de 2024 com um prejuízo de 71,2 milhões de euros, num resultado fortemente influenciado por fatores operacionais e extraordinários, num total de cerca de 53 milhões de euros. Apesar do crescimento da procura e de indicadores operacionais positivos, os custos elevados e eventos excecionais agravaram a situação financeira do grupo, que continua sob forte pressão.
Pela primeira vez na sua história, o Grupo SATA ultrapassou a marca dos 2,7 milhões de passageiros transportados num único ano, registando um crescimento de 14% face a 2023. O número de voos operados aumentou em 2.328 e a taxa de ocupação média atingiu os 81,7% — mais 2,6 pontos percentuais do que no ano anterior. Contudo, este desempenho não foi suficiente para compensar o aumento dos encargos operacionais e financeiros.
A Azores Airlines, responsável pelas ligações internacionais e intercontinentais, viu as suas receitas crescerem para 336 milhões de euros — mais 50,2 milhões do que em 2023. Ainda assim, o resultado operacional antes de impostos (EBIT) caiu para -44,4 milhões de euros, e o EBITDA foi negativo em 691 mil euros. Entre os principais fatores apontados estão as rotas operadas por leasing com tripulação (ACMI) entre o Porto, Funchal e América do Norte — consideradas não rentáveis — e o desfecho desfavorável do processo judicial com a empresa Hifly, relativo à aeronave A330 “Cachalote”, que gerou perdas superiores a 30 milhões de euros.
Já a SATA Air Açores, que assegura as ligações interilhas, registou um aumento de receitas para 60,6 milhões de euros e uma melhoria da taxa de ocupação para 77,3%, com mais 357 voos realizados do que em 2023. No entanto, o acréscimo de custos com pessoal, manutenção e contratos de leasing provocou uma quebra no EBITDA, que passou de 11,4 milhões para 4,6 milhões de euros. O resultado líquido foi negativo em 11,6 milhões de euros.
A SATA Gestão de Aeródromos, que administra os aeródromos das ilhas mais pequenas, teve um aumento de 6,4% nas receitas, totalizando 4,1 milhões de euros. Apesar disso, terminou o ano com um prejuízo de 244 mil euros, refletindo o impacto de reestruturações internas.
Face ao cenário deficitário, o Conselho de Administração do Grupo está a implementar um Plano de Sustentabilidade Financeira, composto por 41 medidas que visam gerar um impacto de 65 milhões de euros. O plano inclui o aumento das receitas, ganhos de eficiência operacional e reestruturações nos serviços de suporte.
Para Rui Coutinho, CEO do Grupo SATA, 2024 foi um “ano de inflexão”, marcado por decisões difíceis. “Estamos convictos de que 2025 será um virar de página. A melhoria dos resultados nos primeiros meses do ano indica que estamos no bom caminho”, afirmou o responsável, acrescentando que a prioridade é garantir a viabilidade económica do grupo e reforçar o seu papel estratégico na mobilidade da Região Autónoma dos Açores.