O socialista António Vitorino considerou hoje que as campanhas eleitorais “devem ser esclarecedoras”, com argumentos, para que os portugueses “façam as suas escolhas”.
“As campanhas têm que ser acima de tudo esclarecedoras, para que os portugueses saibam quais são as opções e façam as suas escolhas. E a única maneira de esclarecer os portugueses é que com argumentos, civilizadamente e com sentido do diálogo e transação, próprio da democracia”, declarou.
António Vitorino falava aos jornalistas à margem de uma iniciativa num hotel, no concelho de Ponta Delgada, para jovens, no âmbito da Academia Novo Futuro, do PS/Açores.
Questionado sobre a sua eventual candidatura à presidência da República, António Vitorino afirmou ter “a esperança que a única coisa boa da crise política fosse que a essa pergunta perdesse atualidade”.
Na quarta-feira, o chefe de Estado ouviu todos os partidos com assento parlamentar, que foram unânimes a defender que a solução para a crise política passa pela dissolução do parlamento e a convocação de eleições antecipadas.
A maioria dos partidos indicaram a data de 11 de maio como a preferida, outros defenderam que deve ser “o mais rápido possível”, e apenas BE, CDS-PP e PAN consideraram melhor ser a 18 de maio, todos oscilando entre as duas datas já admitidas publicamente por Marcelo Rebelo de Sousa em caso de eleições.
A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, – e que passou na semana passada apenas para os filhos de ambos – levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.
Depois de mais de duas semanas de notícias – incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva – de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro anunciou a 05 de março a apresentação de uma moção de confiança ao Governo.
O texto foi rejeitado na terça-feira com os votos contra do PS, Chega, BE, PCP, Livre e deputada única do PAN, Inês Sousa Real. A favor estiveram o PSD, CDS-PP e a Iniciativa Liberal.