O recente encontro na Sala Oval entre o Presidente da Ucrânia e o Presidente dos Estados Unidos foi um espetáculo indigno e revoltante. O líder norte-americano, com sua postura gélida e arrogante, encenou uma tentativa calculada de subjugação, como se o sofrimento de milhões de ucranianos pudesse ser reduzido a um jogo de pressão política. O mundo assistiu, perplexo, enquanto um aliado em guerra era tratado com desprezo, como se fosse um entrave em vez de um combatente na linha da frente da liberdade.
A interação entre os dois líderes foi um claro sinal de que Zelensky foi colocado numa posição de humilhação premeditada. Tentaram moldar a sua imagem como a de um pedinte desesperado, reduzindo a sua luta existencial a um capricho desconfortável. Contudo, o que os estrategas da humilhação não anteciparam foi a postura de Zelensky. Sem se exaltar, sem recorrer à agressividade ou à vitimização, o presidente ucraniano resistiu. A sua firmeza e dignidade contrastaram brutalmente com a frieza calculista do seu anfitrião. Zelensky não precisou de discursos inflamados para mostrar que a dignidade não tem preço.
No que diz respeito à guerra, os recentes acontecimentos mostram a necessidade de refletir, de forma algo apressada acerca da necessidade de armamento europeu. Se não estivermos preparados para agir com coerência e coragem, estaremos a entregar o futuro da Europa à mercê dos tiranos. Este é o momento de escolher de que lado estamos: o da liberdade ou o da conveniência cínica.
Milhares continuam a morrer diariamente na Ucrânia. Cada hesitação dos líderes ocidentais custa vidas reais. E o que aconteceu naquela sala não foi apenas um encontro diplomático desajeitado. Foi um símbolo da indiferença cómoda de quem assiste ao sofrimento de longe, sem se dispor a pagar o preço necessário para defender os valores que proclama.
Trump mostra tiques de tirania, de desrespeito pela diplomacia internacional. O presidente dos Estados Unidos da América abalou de forma inegável o tabuleiro diplomático, os equilíbrios de poderes e as relações entre os aliados. Veremos, ao longo dos próximos tempos, qual será o preço a pagar por isso.
Para mim, algo maior ficou bem claro, no encontro da Sala Oval: a dignidade não se negocia, nunca.