A obra de estabilização do talude numa estrada encerrada há mais de um ano na ilha Terceira, nos Açores, foi adjudicada por 2,3 milhões de euros, revelou hoje o executivo açoriano.

“É uma obra urgente e de extrema importância”, afirmou a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas (PSD/CDS/PPM), Berta Cabral, citada em nota de imprensa.

Desde 14 de janeiro de 2024 que a estrada principal entre as freguesias da Serreta e do Raminho, no concelho de Angra do Heroísmo, está encerrada, devido a uma derrocada provocada por um sismo de 4,5 na escala de Richter, inserido na crise sismovulcânica em curso na ilha Terceira desde junho de 2022.

Segundo Berta Cabral, a intervenção agora adjudicada é “fundamental para possibilitar a reabertura do troço da estrada regional, junto ao Miradouro do Raminho, em segurança para as populações”.

A obra, orçada em mais de 2,3 milhões de euros, com IVA incluído, terá uma extensão de 500 metros e “visa resolver definitivamente a instabilidade do talude, criando um novo sistema de drenagem e a aumentando segurança da via”, de acordo com a nota da tutela.

Com um prazo de execução de 180 dias, a empreitada “consistirá na regularização do talude de escavação, com a criação de banquetas, e na execução de uma barreira de proteção e muro de suporte na base do talude, além da implementação de um novo sistema de drenagem e da repavimentação do troço”.

A secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas ressalvou que o cenário naquela estrada “foi, e continua a ser muito delicado, uma vez que as derrocadas que surgiram, e podem voltar a acontecer, poderão ter consequências muito graves para as populações”.

Berta Cabral disse ainda que a crise sismovulcânica na ilha Terceira e os relatórios do Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC) “ditaram uma atuação cautelosa e previdente”, acrescentando que “não se podia descurar a elevada complexidade geotécnica do local”.

O concurso agora adjudicado foi lançado em 17 de dezembro de 2024 e a titular da pasta revelou, em janeiro, que tinham sido entregues três propostas.

Em 26 de julho de 2024, o executivo tinha lançado um concurso para a conceção e construção da reabilitação do talude, por um valor base de quatro milhões de euros, que, segundo Berta Cabral, recebeu apenas uma proposta “acima do preço base e, por isso, teve de ser excluída”.

Em setembro, iniciou-se uma obra de desmatação e desmonte de rochas em talude, por cerca de 363 mil euros, por um período de 45 dias.

Na altura, o executivo justificou a “contratação de emergência” com o “aumento significativo da atividade sísmica no perímetro do vulcão de Santa Bárbara, acompanhado de sinais de deformação radial”, que aconselhava à “abertura da via para efeitos de criação de alternativas de acesso”.

Concluída a intervenção, a estrada continuou encerrada e, em novembro, a titular da pasta das Infraestruturas disse que tinha sido identificada uma “zona mais complicada”, que exigia “um projeto mais robusto do que uma simples desmatagem, provavelmente com socalcos e com drenagem de águas”.

Desde janeiro de 2024 que o acesso entre as duas freguesias é feito por um caminho florestal, cuja obra de asfaltagem deverá estar concluída em março, segundo a secretária regional.

O nível de alerta científico do vulcão da Serra de Santa Bárbara aumentou em junho de 2024, de V2 para V3, numa escala de 0 a 6, mas baixou novamente para V2 em dezembro.

O atraso na reabertura da estrada principal entre Raminho e Serreta já motivou críticas de partidos políticos, autarquias e empresários e do Conselho de Ilha da Terceira.

Em dezembro, o parlamento açoriano aprovou, por unanimidade, um projeto de resolução do Chega que recomendava ao Governo Regional uma solução para reabrir aquela estrada.

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