Enquanto houver poder, ambição e miséria humana, haverá sempre quem esteja disposto a trair.
A traição política é um fenómeno recorrente. Desde Judas Iscariotes, na tradição cristã, até figuras contemporâneas que traem os seus ideais, o seu país, os seus partidos, correligionários e eleitores, a traição política é uma constante na história da humanidade, refletindo as complexidades e as fraquezas do comportamento humano.
Todas as gerações tiveram os seus traidores de eleição, figuras desgraçadas que decidiram colocar as suas ambições e vinganças pessoais acima dos interesses e do bem maior da comunidade.
O exemplo português mais emblemático é, sem dúvida, o de Miguel de Vasconcelos, o traidor que até aos dias de hoje simboliza a deslealdade e a perfídia, representando aquele que preferiu trair a sua pátria e os seus companheiros de jornada, em troca de poder e favores pessoais ou vinganças reprimidas pelo tempo.
A traição de Vasconcelos, no século XVII, ainda hoje nos convoca para a constante necessidade de vigilância e integridade na esfera pública, durante e depois dos cargos. Até porque o traidor, habitualmente, arroga para os seus atos a seriedade que quase sempre lhe faltou na vida. Já vem tarde e não há técnica que lhe valha. Por outra coisa que possa parecer.
A história demonstra que a traição, embora tentadora para alguns, raramente resulta em glória duradoura. Pelo contrário, os traidores frequentemente acabam por ser lembrados com desdém e desprezo, enquanto os verdadeiros patriotas e resilientes são celebrados. Será, seguramente, o caso.