Se não há almoços grátis, na política muito dificilmente haverá coincidências – o “devir” de Nietzsche e Bergson pouco contam para o caso.
A política, frequentemente vista como uma arena de incertezas e surpresas, é na verdade um campo onde poucas coincidências ocorrem. A aparente complexidade e imprevisibilidade são, na maioria das vezes, consequências de estratégias meticulosamente planeadas, onde cada movimento é calculado e cada decisão possui um propósito claro e definido.
Para todos os efeitos, entenda-se aqui política no sentido mais lato, não apenas nos meandros estritos da vida partidária, das lutas entre movimentos ideológicos ou de fações de interesses, para assim abarcar toda a sorte de poderes que gravitam em torno da coisa política, quero dizer, empresariado, movimentos sindicais, sociedades secretas e, inevitavelmente, os media, entre outros.
Não quero insinuar, nem tão pouco afirmar, que os jornalistas se dispõem a colaborar em conspirações e cabalas. Nada disso. Mas já não ponho as mãos no fogo por certas empresas e grupos de comunicação social, detidos, e às vezes controlados, por capitais de origem incerta e veladas conveniências. E é à gestão destes interesses que escapa a coincidência de certas publicações jornalísticas.
Quando se junta o alegado furto de malas e o despedimento abrupto e discriminatório de trabalhadoras grávidas, com manifesta discrepância de alarido, ninguém me convence de que não há aqui uma mão invisível, a tal que habitualmente e habilmente passa uma esponja sobre a hipocrisia e o dislate da extrema-esquerda.