Angra do Heroísmo, o segundo concelho mais populoso dos Açores, necessita de abrir 849 vagas em valências sociais destinadas a idosos até 2032, para manter as taxas de cobertura atuais, segundo a carta social do concelho apresentada hoje.

“Se a população idosa aumentou, vai ser necessário mais estruturas de apoio para idosos, tanto a nível domiciliário, como a nível de residências”, afirmou, em declarações aos jornalistas, a vereadora Fátima Amorim da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, que atualizou a carta social do concelho para o período 2024-2028.

Segundo Gualter Couto, da empresa Fundo de Maneio, que elaborou a carta social, após auscultar várias entidades no concelho, Angra do Heroísmo apresenta uma taxa de cobertura acima da média regional na maioria das valências sociais destinadas a idosos.

Ainda assim, o serviço de apoio domiciliário tem uma taxa de cobertura de 7,4%, os centros de convívio de 17%, os centros de dia de 1,7% e as estruturas residenciais para idosos de 5,1%.

No caso dos centros de convívio, o documento identifica a necessidade de criação de 193 vagas até 2028 só para manter a mesma taxa de cobertura, mas até 2032 serão necessários mais 143.

Já no apoio domiciliário são necessárias mais 84 vagas até 2028 e outras 62 até 2032.

Até 2028, está prevista a abertura de 24 vagas no concelho em centros de dia, mas a carta identifica a necessidade de mais 206 vagas até esse ano e de outras 38 até 2032.

Quanto às estruturas residenciais para pessoas idosas, preveem abrir mais 40 vagas até 2028, quando o documento aponta para a necessidade de mais 16 e outras 43 até 2032.

Somando todas as valências, a carta social identifica uma carência de 849 vagas para manter as taxas de cobertura atuais em 2032.

Estas necessidades refletem o envelhecimento da população do concelho, que nos Censos de 2021 registou uma quebra de 21,6% na população com menos de 18 anos e um aumento de 20% na população com mais de 65 anos.

Atualmente, Angra do Heroísmo conta com 114 equipamentos e respostas sociais, geridos por 47 entidades, na maioria Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), sobretudo localizadas nos arredores da cidade.

A maioria das respostas sociais está direcionada para infância e juventude (42,1%) e para pessoas idosas (36,8%), sendo as restantes para família e comunidade e para pessoas com deficiência ou incapacidade.

Segundo o inquérito realizado para a elaboração da carta social, 80% das instituições que prestam apoio a crianças e idosos identificaram um aumento da procura.

No caso das respostas para crianças e jovens, as taxas de ocupação são superiores, atingindo os 86,9% nas creches e de 53,4% nos centros de atividades de tempos livres (CATL).

Até 2028, está previsto um aumento de 40 vagas nas duas valências, o que fará aumentar as taxa de cobertura para 96% nas creches e 60,8% nos CATL.

Os estabelecimentos de educação pré-escolar apresentam uma taxa de cobertura de 56,7% na rede de solidariedade social, mas quando complementados com a oferta da rede pública atingem os 136%.

Segundo Gualter Couto, isso acontece porque “houve um investimento importante que tinha de ser feito”, mas ocorreu uma diminuição da taxa de natalidade e uma redução de crianças e jovens.

Já nas respostas para pessoas com deficiência, há uma taxa de cobertura de 3,5% nos centros de atividades e capacitação para a inclusão e de 1,1% nos lares residenciais, mas Gualter Couto alertou que há números que estão desatualizados.

Para Fátima Amorim, o documento hoje apresentado “é um instrumento de planeamento estratégico”, que vai permitir ao município e a outras entidades planear as respostas futuras.

 

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