O chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu hoje que perante o resultado das presidenciais norte-americanas há que trabalhar em conjunto com a futura administração de Donald Trump, e admitiu voltar à Casa Branca.

“O povo americano é soberano, escolheu quem deveria escolher, no sentido de que era a sua decisão e só a sua decisão. Agora é trabalhar em conjunto, Portugal e Estados Unidos da América, e Europa e Estados Unidos da América, para retirarmos os máximos benefícios para as pessoas”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no Palácio de Belém, em Lisboa.

Interrogado se tenciona regressar a Washington, onde foi recebido por Donald Trump no seu anterior mandato, em junho de 2018, o Presidente da República admitiu essa possibilidade, mas salientou que “depende muito agora do que vier a acontecer no futuro, em termos da disponibilidade de uma parte e de outra”.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, o encontro que tiveram na Casa Branca em 2018 “foi um ponto importante” que permitiu desbloquear “três questões sensíveis” – a relevância dos Açores, o fornecimento do gás líquido americano a Portugal e a contribuição financeira portuguesa para a NATO – e é benéfico haver “um relacionamento mais intenso entre chefes de Estado”.

“Como sabem, havia um imperativo, que ainda existe, de atingir os 2% do PIB até uma determinada data e o Presidente norte-americano foi sensível às razões portuguesas e defendeu-as na Cimeira da NATO que se realizou logo a seguir”, referiu.

O chefe de Estado destacou “outro momento em que o relacionamento foi intenso”, durante a pandemia de covid-19, quando Donald Trump manifestou “disponibilidade norte-americana na assistência de ventiladores”.

Sobre a administração norte-americana cessante, presidida por Joe Biden, o Presidente da República considerou que “houve um acréscimo, claro, de relações, quer no domínio do comércio, quer no domínio do investimento, quer no domínio do turismo, entre Estados Unidos da América e Portugal”.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que há “uma comunidade de mais de um milhão e meio” de portugueses e lusodescendentes a residir nos Estados Unidos da América.

“Aquilo que temos de projetar para o futuro é aumentar essa cooperação, porque é boa para a comunidade portuguesa que vive lá, é boa para a comunidade americana, que já é uma comunidade com um peso, e não era, a viver cá”, sustentou.

O Presidente da República acentuou a ideia de que “é fundamental que a colaboração entre os dois lados do Atlântico seja reforçada” no atual contexto global e reiterou que espera que a nova administração norte-americana contribua para a “afirmação da democracia e dos direitos humanos” e também para “a afirmação da paz e do desenvolvimento sustentável”.

Donald Trump proclamou hoje de madrugada vitória nas eleições presidenciais de terça-feira, que entretanto foi confirmada pelas projeções de vários órgãos de comunicação social.

O ex-Presidente norte-americano, candidato do Partido Republicano, defrontou Kamala Harris, candidata do Partido Democrata e atual vice-presidente dos Estados Unidos da América.

Hoje de manhã, numa mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, Marcelo Rebelo de Sousa saudou o Presidente eleito Donald Trump, “desejando-lhe felicidades no novo mandato, na afirmação da relação transatlântica, da democracia e os direitos humanos, a construção da paz e do progresso sustentáveis”.

Na mesma nota, o Presidente português recordou que “Portugal foi o primeiro país neutral a reconhecer a independência dos Estados Unidos da América, a importância da comunidade portuguesa neste país, bem como a colaboração durante o seu primeiro mandato, nomeadamente a reunião na Casa Branca em 2018 e durante a pandemia”.

PUB