Os partidos da coligação que governa nos Açores (PSD, CDS-PP e PPM) manifestaram hoje abertura para dialogar com o PS, mas criticaram o histórico do partido, que governou a região entre 1996 e 2020.
“O presidente do Governo e presidente do PSD está disponível para dialogar com todos os partidos, que em conjunto queiram aprovar um orçamento robusto que permita enfrentar os problemas que temos nos Açores”, afirmou, em declarações à RTP/Açores, o social-democrata Pedro Gomes, à margem do 19.º congresso do PS/Açores.
No discurso de encerramento do congresso, o novo presidente do PS/Açores, Francisco César, defendeu que “quando o interesse regional assim o impõe”, o partido deve “propor os necessários consensos políticos com o partido maioritário da coligação”, dando como exemplo a criação de um grupo de trabalho para salvar o grupo SATA e um pacto na Educação.
Reiterou ainda que o partido estava disponível para viabilizar o orçamento da região para 2025, mediante o acolhimento de 11 medidas já apresentadas ao chefe do executivo açoriano, José Manuel Bolieiro.
Pedro Gomes registou “com agrado” a disponibilidade do maior partido da oposição nos Açores para procurar um trabalhar em conjunto numa solução para as companhias aéreas do grupo SATA e destacou outros dois problemas que a região tem de enfrentar nos próximos tempos: a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e a crise na Saúde, gerada pelo incêndio no maior hospital da região.
O social-democrata afirmou, no entanto, que quando o PS deixou o governo a dívida pública regional era de “2.400 milhões de euros” e acusou o partido de não reconhecer “mudanças fundamentais na vida dos açorianos” introduzidas pela atual governação.
“Há um paradigma político que mudou nos Açores, que o PS teima em não reconhecer e é por isso que o povo açoriano deu a resposta que tem dado eleitoralmente”, frisou.
Rui Martins, do CDS-PP, disse esperar que o PS traga “soluções” para “problemas muito antigos” que requerem concertação.
“Esperamos que este compromisso de colaboração e cooperação seja efetivo, que o PS possa construir soluções com quem governa e que possa fazê-lo de forma justa, realista, construtiva e democrática”, apontou.
O dirigente centrista lembrou, no entanto, que o PS “governou durante um quarto de século nos Açores”.
“Quando se fala no insucesso escolar, na pobreza, nas dificuldades financeiras das empresas públicas regionais, como a SATA, nas dívidas da saúde, não foi algo que surgiu neste mandato”, apontou.
Já Manuel São João, do PPM, alegou que o PS fez, neste congresso, um “mea culpa” de 24 anos de governação, interiorizando “o que correu de menos bem”, ao apresentar como slogan um “Novo Futuro”.
O dirigente monárquico considerou ainda que, ao manifestar disponibilidade para negociar, o líder regional do PS está a reconhecer que as políticas implementadas pela coligação foram “as mais assertivas e as que melhor favorecem os Açores”.
“Se as políticas governamentais fossem tão disparatadas, é evidente que o PS continuaria a fazer uma oposição cerrada”, justificou.
Ainda assim, Manuel São João defendeu que “tem de haver diálogo, em sede parlamentar, nomeadamente quanto ao Plano e Orçamento”, garantindo que os partido não está fechado a entendimentos.
As propostas de Plano e Orçamento para 2025 serão discutidas e votadas na Assembleia Legislativa dos Açores em novembro.
No sufrágio de fevereiro, PSD, CDS-PP e PPM elegeram 26 deputados, ficando a três da maioria absoluta. O PS é a segunda força no arquipélago, com 23 mandatos, seguido do Chega, com cinco. BE, IL e PAN elegeram um deputado regional cada, completando os 57 eleitos.