O presidente do PS/Açores defendeu hoje que o partido se deve afirmar como um partido de construção e não de mera oposição, comprometendo-se a procurar consensos em matérias fundamentais para a região.

“Mais do que um partido de oposição, temos de nos afirmar como um partido de construção”, afirmou Francisco César, no encerramento do 19.º congresso regional do PS/Açores, em Ponta Delgada.

O dirigente socialista disse que “há muito para fazer nos Açores e o governo não tem feito” e que há “instabilidade parlamentar permanente, pois quem prometeu uma solução governativa, não lidera, não propõe soluções, não estabelece pontes, não estimula o diálogo, nem partilha responsabilidades”.

Acusou o executivo liderado por Bolieiro de viver “num espaço fechado” e de trabalhar frequentemente em sentidos opostos, “com membros do governo em guerras surdas de protagonismo”, com “cada partido da coligação preocupado com a sua importância mediática” e com um exercício governativo que promove “um bairrismo tóxico”.

“Questionamos o caminho que está a ser traçado, e devemos criticar, denunciar, contrariar os enormes erros que estão a ser cometidos (…) Devemos fazê-lo, é certo, mas nenhum açoriano nos perdoaria, que quanto mais o Governo lhes falha, lhes retira o entusiasmo e a esperança em relação ao seu futuro, o Partido Socialista ficasse resignado apenas a esse papel de entidade especializada na crítica”, reforçou.

Apesar do “mar imenso de diferenças” entre o que a coligação tem feito e o que faria o PS, Francisco César defendeu que “em matérias fundamentais” o partido deve sentar-se à mesa das negociações de “forma franca e interessada, sem preconceitos eleitoralistas”.

“Quando o interesse regional assim o impõe, propor os necessários consensos políticos com o partido maioritário da coligação, mesmo que isso não pareça popular nos meios da oposição ou no nosso próprio partido, ou, quando implique, propor ou partilhar decisões difíceis”, assumiu.

O líder regional socialista deu como exemplo a “disponibilidade imediata” para a criação de um grupo de trabalho conjunto para “salvar” as companhias aéreas do grupo SATA, alegando que desde 2021 a empresa “acumulou prejuízos de mais de 177 milhões de euros” e que “a situação de quase rutura financeira, operacional e de gestão” do grupo põe em causa a sua “sobrevivência”.

“É fundamental que se assegure a contribuição de especialistas reputados e conhecedores do meio económico e operacional – se for preciso recrutando-os fora da região, de modo a corresponder às exigências imediatas do regular funcionamento da operação, do acesso e estabilidade no financiamento e de uma voz reforçada no diálogo na renegociação com a União Europeia”, apelou.

César reiterou ainda a intenção de criar um pacto social na Educação, considerando que deverá incluir o Governo da República e constituir-se como um Projeto de Interesse Comum, “dispondo de um enquadramento como o que está previsto na lei de Finanças Regionais”.

Destacou também a proposta de criar um “programa de incentivo ao aumento do salário médio regional, através da devolução a cada empresa do acréscimo de receita de IRS que a região obtiver com os aumentos salariais que as empresas concretizem, acima do salário mínimo regional”.

O novo líder regional, eleito em junho, depois de 11 anos de liderança de Vasco Cordeiro, disse que os socialistas açorianos saem deste congresso “reforçados” na “unidade” e no “entusiasmo” e com uma moção de orientação global, aprovada por unanimidade, que aponta as prioridades de ação do partido.

“É possível estarmos entre os melhores do País no espaço de uma geração, se não perdermos o tempo que corre e tomarmos, rapidamente e bem, as opções certas”, sublinhou.

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