A Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD) alertou hoje para a perceção de insegurança crescente na maior cidade dos Açores, apelando à intervenção das entidades responsáveis.

“A direção da CCIPD considera que a situação de segurança está agravada e, no nosso entender, os responsáveis não estão a fazer o suficiente para resolver uma situação que é atualmente degradante para os residentes e para quem nos visita”, considera a câmara de comércio em comunicado.

A associação empresarial das ilhas de São Miguel e Santa Maria revela que os seus associados têm alertado nos últimos meses para “a perceção de insegurança sentida, em particular com clientes de hotéis, restaurantes e de comércio na cidade de Ponta Delgada”, acrescentando que “esta perceção é também transversal aos residentes”.

“A direção considera que esta falha grave, constatada no nosso quotidiano, tem de ser urgentemente colmatada por quem de direito”, sublinha.

A CCIPD, que se reuniu na terça-feira, alertou, por outro lado, para os atrasos no pagamento dos programas de manutenção de emprego às empresas por parte do executivo açoriano.

Segundo os dados recolhidos pela associação empresarial, mais de metade das empresas que concorreram a estes apoios aguardam pelo pagamento há mais de seis meses.

No caso do programa PME I, “45,5% das empresas registam um atraso nos pagamentos entre seis e 12 meses e 21,2% afirmam que o atraso é superior a 12 meses” e, no caso do PME II, “50% das empresas registam um atraso nos pagamentos entre seis e 12 meses e 18,8% afirmam que o atraso é superior a 12 meses”.

“A direção da CCIPD considera de extrema relevância e urgência a regularização destas situações, tanto mais que as empresas mais pequenas sofrem um impacto muito significativo devido ao elevado custo do financiamento, necessário para colmatar os atrasos nos pagamentos”, lê-se no comunicado.

A associação empresarial apela ainda a um reforço de verbas no próximo orçamento regional para evitar os atrasos no pagamento aos fornecedores do Serviço Regional de Saúde e pede que a contingência da recuperação dos estragos causados pelo incêndio no Hospital Divino Espírito Santo “não venha a agravar de novo a situação”.

“A direção congratula-se com o anúncio de que o Governo da República aprovou a transformação de dívida em dívida financeira no valor de 75 milhões de euros, o que poderá aliviar o problema dos pagamentos em atraso, sendo que, no entanto, o problema não fica sanado por insuficiência desta verba, considerando-se fundamental a orçamentação de nova verba equivalente para o orçamento de 2025”, adianta.

No mesmo comunicado, a CCIPD “congratula-se com a disponibilidade manifestada pela Ryanair para reabrir a sua base em Ponta Delgada, reunidas que sejam as condições de custos operacionais aeroportuários”, e pede a intervenção do executivo açoriano para que esta possibilidade se concretize.

Segundo os empresários açorianos, a companhia aérea de baixo custo “contribuía muito para o esbatimento da sazonalidade do turismo dos Açores, em geral, e do de São Miguel em particular”.

“O encerramento da base e redução dos voos no inverno IATA marcou negativamente a atividade turística levando a taxas de crescimento muito reduzidas em São Miguel. Por esta razão, a direção da CCIPD exorta o Governo Regional dos Açores a expressar, junto do Governo da República, a importância de uma política de recuperação e alargamento das bases de operação da Ryanair que leve à reabertura da base de Ponta Delgada”, salientam.

 

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