Os trabalhadores do comércio e das creches e jardins-de-infância de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) da ilha Terceira vão fazer greve no dia 25, para reivindicar aumentos salariais e um horário semanal de 35 horas.

“Defendemos duas situações muito claras: a redução do horário semanal para as 35 horas para todos os trabalhadores, independentemente de serem do setor público ou privado, e o aumento dos salários”, afirmou, hoje, em conferência de imprensa, o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo, Transportes e Outros Serviços (SITACEHT) dos Açores, Vítor Silva.

Foram já emitidos pré-avisos de greve para o dia 25 na ilha Terceira, em vários hipermercados e em creches, jardins-de-infância e ateliês de tempos livres de IPSS, mas o sindicalista admitiu que possam existir jornadas de luta noutras ilhas.

As greves inserem-se na semana de esclarecimento, ação e luta da CGTP/IN, que decorre em todo o país entre 20 e 27 de junho.

Apesar de as reivindicações serem destinadas a todo o setor privado, Vítor Silva justificou a marcação de greves nestes dois setores com o facto de serem aqueles em que “a mobilização é maior”, devido a lutas antigas.

“Em relação às IPSS, há 19 anos que as trabalhadoras vêm a reivindicar as 35 horas de trabalho para todas. Já fizeram petições, onde diziam que se sentiam discriminadas, porque na mesma sala existem pessoas a fazer 39 horas e pessoas a fazer 35 horas e, quando chega ao fim do mês, ganham exatamente a mesma coisa”, apontou.

Segundo o sindicalista, em 2024, o SITACEHT/Açores já emitiu cerca de duas dezenas de pré-avisos de greve e organizou cerca de uma dezena de ações de rua com os trabalhadores.

“Estamos a ter um ano diferente de outros porque os trabalhadores estão completamente encostados à parede, com uma série de dificuldades, e tiveram de reagir”, frisou.

Além da aplicação do horário semanal de 35 horas, para que os trabalhadores consigam “conciliar a vida profissional com a vida pessoal e familiar”, o sindicato reivindica ainda o aumento dos salários na região, que tem um dos índices de pobreza mais elevados do país.

“Há um número muito significativo de trabalhadores nos Açores, que, mesmo tendo um posto de trabalho efetivo, vive abaixo do limiar da pobreza. A situação dos aumentos salariais vai ter de acontecer, senão vai existir sempre falta de mão-de-obra, porque as pessoas vão procurar trabalho noutras regiões”, alertou.

“É praticamente impossível reter a mão-de-obra jovem nos Açores porque não há ninguém que queira trabalhar pelo ordenado mínimo e fazer 10, 12 e 14 horas por dia”, acrescentou.

Uma das propostas do SITACEHT é o aumento do acréscimo regional ao salário mínimo nacional de 5 para 10%, que não reúne consenso na Assembleia Legislativa dos Açores.

Questionado sobre os alertas para a possibilidade de os empresários da região não conseguirem assumir esses aumentos, o sindicalista alegou que a atualização do salário mínimo tem “beneficiado a economia do país”.

“Em 2015, quando aumentou o salário mínimo em Portugal deu-se um passo muito significativo no desenvolvimento de todo o país”, vincou.

“Estaríamos a distribuir melhor a riqueza e a dar mais poder de compra e não iam ganhar só os trabalhadores, porque quem ganha o salário mínimo vai aplicar a maior parte da sua remuneração na economia regional. Iria estar a ganhar a própria região”, reforçou.

PUB