Os grupos parlamentares do governo regional anunciaram uma proposta para contar o tempo de serviço perdido pelos professores, para as situações que ainda estão por resolver. Quem os ouvir, ficará convencido da sua bondade! Mas é útil aos santos desconfiarem da esmola… No meu caso, não sou santo, mas acompanhei de perto este e outros problemas na Educação. Olhemos para os factos.

Esquecem-se que este problema estaria resolvido com a legislação de 2007 e de 2008, se não fossem os sete anos de congelamento das carreiras acordado entre PS, PSD e CDS… Algo que os envolvidos sabem muito bem, pelo que o esquecimento só pode ser por conveniência…

Esquecem-se, também, que o governo regional recusou abrir negociações sobre esta e outras matérias. É que, há pouco mais de um mês, o SPRA, sindicato da FENPROF, reuniu com o governo regional, sem que este tenha mostrado qualquer abertura! Por exemplo, também se recusou a regulamentar incentivos à fixação eficazes para estabilizar o corpo docente em todas as escolas, algo mais urgente a cada ano que passa, perante a falta de docentes! Ou a contar o tempo de serviço aos docentes precários. Mesmo que tenham mais de 16 anos de serviço, recebem como se tivessem apenas 4…

Esquecem que uma das injustiças na contagem do tempo de serviço que, agora, dizem querer resolver resulta, exclusivamente, da interpretação que o seu governo regional fez da norma que eles próprios escreveram. Há um ano, anunciavam que o tempo de serviço era para contar, para todos, até porque serviria para combater a falta de docentes nos Açores. Afinal, era mentira, numa reviravolta que surpreendeu pela quebra da confiança e dos compromissos assumidos!

Pelo caminho, provavelmente para procurar a sobrevivência do governo regional, dão palco à extrema direita, a mesma que, sobre isto, disse uma coisa e fez o seu contrário, sempre à procura das câmaras de televisão e da propaganda. Há quem faça pactos com o diabo e há quem ensine o diabo… Mas duas coisas são certas: não se resolvem os problemas da Escola Pública desvalorizando quem nela trabalha; e está à vista que as soluções para a Educação estão, precisamente, nos docentes e nos sindicatos da FENPROF, ao contrário daquilo que disse o ministro da Educação há tempos! Mas isso será assunto do próximo artigo…

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