O Conselho de Ilha de São Miguel insistiu hoje na necessidade de “recuperar rapidamente o que é recuperável” após o incêndio no Hospital de Ponta Delgada e pediu ambição para construir uma estrutura de saúde a longo prazo.
“O que é importante é recuperar rapidamente o que é recuperável no hospital e ter a ambição de criar, mesmo que seja no mesmo espaço e no mesmo hospital, algo para os próximos 30 a 40 anos em termos de saúde para a ilha de São Miguel. Esse tem de ser o grande desígnio”, afirmou à agência Lusa o presidente daquele organismo, Jorge Rita.
O Conselho de Ilha de São Miguel esteve reunido hoje de forma extraordinária devido à situação no Hospital Divino Espírito Santo (HDES), numa sessão que contou com a presença da secretária regional da Saúde, Mónica Seidi.
Em 04 de maio, um incêndio no hospital de Ponta Delgada, que deflagrou pelas 09:40 locais de sábado (10:40 em Lisboa) e só foi declarado extinto às 16:11, obrigou à transferência de 240 doentes que estavam internados para vários locais dos Açores, Madeira e continente.
Jorge Rita alertou que a “grande preocupação” deve ser a “qualidade dos serviços prestado aos utentes” e pediu ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) para tomar “medidas urgentes”.
“O objetivo neste momento do Conselho de Ilha era ter a perceção da situação para podermos fazer uma reflexão. O desafio é: para decisões de catástrofes têm de existir decisões urgentes”, salientou.
Defendendo a importância da “solidariedade nacional”, o presidente do Conselho de Ilha insistiu, contudo, que não se pode esperar para reconstruir uma estrutura que garanta “saúde para todos” os residentes na ilha.
“Esperamos que essa situação do Ministério da Saúde com a visita da ministra não caia em saco roto. Independentemente do anúncio do novo hospital, o importante é reconstruir algo neste momento que continue a dar confiança e segurança aos utentes. Isso tem de ser feito urgentemente”, reforçou.
O líder daquele organismo defendeu ainda a necessidade de reforçar os centros de saúde, uma medida que, segundo disse, também foi reconhecida por Mónica Seidi durante a reunião.
Jorge Rita, que também preside à Federação Agrícola dos Açores, apelou ainda ao apoio da União Europeia (UE).
“A UE não pode ficar indiferente a situação de calamidade. A UE tem-se mostrado muito sensível a situações até fora da UE com várias ajudas e não se pode esquecer que nos Açores aconteceu esta situação grave no hospital e que ainda não sabemos a dimensão que isso pode ter nos próximos tempos”, avisou.
O Governo da República vai apoiar a reconstrução do Hospital de Ponta Delgada, nos Açores, anunciou a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, após uma visita àquele espaço no dia 06 de maio.
O Governo dos Açores declarou a situação de calamidade pública para “acelerar procedimentos” que permitam normalizar num “curto espaço de tempo”, a atividade da maior unidade de saúde açoriana.
O Conselho de Ilha é um órgão consultivo do Governo Regional dos Açores composto pelos presidentes das câmaras e assembleias municipais da ilha, por quatro membros eleitos de cada assembleia municipal, por três presidentes de junta de freguesia, um representante do Governo Regional (sem direito a voto) e vários membros das organizações sociais, ambientais, culturais e empresariais da ilha.