O Hospital da Ilha Terceira, nos Açores, está a reorganizar serviços para dar resposta aos utentes, devido ao incêndio no hospital de Ponta Delgada, mas admite que poderá necessitar de mais recursos humanos.

“No momento, para as urgências, o nosso pessoal dá perfeitamente e conseguimos assegurar que as pessoas sejam todas atendidas atempadamente. No futuro, para acomodar mais internamentos, para além da reorganização de algumas valências, vamos precisar de mais meios humanos, nomeadamente equipas de enfermagem e assistentes operacionais, porque vamos ter mais camas de enfermaria a funcionar”, afirmou, em declarações à Lusa, a diretora clínica do hospital, Rute Couto.

No sábado, um incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, deixou a unidade sem atividade e obrigou à transferência de doentes para outras unidades de saúde, dentro e fora da ilha.

O Hospital de Santo Espírito a Ilha Terceira (HSEIT) recebeu, numa face inicial, 28 doentes para hemodiálise e 12 internados entre enfermarias e unidade de cuidados intensivos.

Os doentes a fazer hemodiálise estão instalados numa unidade hoteleira ou na Santa Casa da Misericórdia e no Lar D. Pedro V, quando têm um maior grau de dependência, e a diretora clínica do HSEIT assegura que “tem corrido tudo muito bem”.

“As pessoas responderam muito bem, estão dispostas a ajudar, estão a ser muito solidárias. Temos tido necessidade de fazer turnos extra para assegurar a diálise e para assegurar as evacuações e as pessoas têm-se organizado de forma a que as coisas corram todas bem”, salientou.

Segundo Rute Couto, o serviço de hemodiálise pode ainda aumentar a sua capacidade, com mais recursos humanos.

“Estamos a trabalhar em turnos de hemodiálise até à meia-noite, mas podemos prolongar até às 04:00. Terá de haver o tal reforço em termos de pessoal, mas em termos de vagas de hemodiálise podemos fazer esse reforço de turnos e conseguimos acomodar as pessoas”, explicou.

Também a unidade de evacuações médicas, sedeada na Terceira, tem sido “bastante solicitada”, devido à falta de atividade no HDES, maior hospital da região.

“Temos duas equipas de evacuações e já houve necessidade de, pelo menos, por duas vezes, acionar uma terceira equipa, por sobrecarga das primeiras e por estarem muitas horas a voar consecutivamente”, revelou Rute Couto.

De acordo com a Força Aérea Portuguesa, desde domingo já foram transportados, em transferências médicas, 13 utentes de São Miguel.

A diretora clínica do HSEIT revelou que o hospital já começou a “planear a reorganização” do funcionamento “para dar resposta à procura a médio e longo prazo”.

“Esta fase inicial foi uma fase de resposta imediata à catástrofe, mas agora temos de pensar no futuro e na resposta que temos de dar aos açorianos, enquanto o HDES não estiver operacional”, explicou.

Rute Couto assegurou que o HSEIT está pronto para dar essa resposta, mas precisa de apoio do Governo Regional.

“Da nossa parte começou a ser pensado logo no primeiro dia, que espaços físicos é que podíamos reorganizar, que consultas podíamos reorganizar no hospital de dia para podermos ocupar menos vagas. Também identificámos desde o primeiro dia que seriam necessários recursos humanos, quer para prolongamento de turnos de diálise, quer para prolongamento do tempo de utilização do bloco e até para a abertura de uma nova enfermaria”, adiantou.

A diretora clínica do HSEIT não excluiu a hipótese de serem necessárias novas contratações para o hospital.

“Se houver disponibilidade de profissionais para colaborar connosco, por exemplo, nos turnos do bloco e nos turnos da diálise, seria o ideal. Temos de ver se há essa disponibilidade por parte dos profissionais do HDES. E temos de contemplar que poderá ser necessário haver algumas contratações, que estariam previstas para médio e longo prazo e poderá ser necessário fazer mais cedo”, declarou.

 

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