O Movimento de Romeiros de São Miguel, nos Açores, enviou em janeiro para a Direção-Geral do Património o processo para arrancar com a candidatura desta tradição secular religiosa a Património Imaterial da UNESCO, foi hoje revelado.

“É com muita alegria que digo isto. Já foi enviado no dia 31 de janeiro para a Direção-Geral do Património o documento para que este seja apreciado. A inscrição na Direção-Geral do Património é obrigatória para a evolução da candidatura” junto da UNESCO, disse o presidente do grupo coordenador do Movimento, João Carlos Leite, em declarações à agência Lusa.

João Carlos Leite explicou que após o registo como património cultural e imaterial nacional, na respetiva plataforma, irá ser elaborado o procedimento para a candidatura à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Para o responsável, tornar as romarias Património Imaterial da UNESCO é justo e o reconhecimento desta manifestação “singular e única, da nossa fé e da nossa identidade”.

A candidatura foi decidida em assembleia geral do Movimento, no final de 2018.

“Acho que temos todas as condições para o reconhecimento como Património Imaterial da UNESCO. Estamos a falar de uma manifestação identitária tão forte da nossa cultura e da nossa fé”, vincou João Carlos Leite.

O Movimento de Romeiros de São Miguel aguarda agora que o documento, com suporte audiovisual e texto escrito, seja apreciado.

As tradicionais romarias da Quaresma, que voltam a sair para as estradas de São Miguel a partir deste sábado, tiveram origem na sequência de terramotos e erupções vulcânicas ocorridas no século XVI na ilha, que arrasaram Vila Franca do Campo e causaram grande destruição na Ribeira Grande, segundo a tradição.

Trajando um xaile, lenço, bordão e terço, os romeiros de São Miguel fazem um percurso de oração, fé e reflexão, entoando cânticos e rezando, sempre com mar pela esquerda, passando pelo maior número possível de igrejas e ermidas de São Miguel.

Os primeiros partem no fim de semana a seguir à Quarta-feira de Cinzas e os últimos regressam às suas localidades na Quinta-feira Santa.

Durante a semana em que estão na estrada, os romeiros dormem em casas particulares ou em salões paroquiais, devendo iniciar a caminhada antes do amanhecer e entrar nas localidades logo a seguir ao por do sol.

A importância desta tradição leva o Governo Regional, todos os anos, a dispensar do serviço, “sem prejuízo de quaisquer direitos e regalias”, os trabalhadores da Administração Pública regional que participem nas romarias.

 

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