O secretário-geral do PCP considerou hoje que o líder do PS, Pedro Nuno Santos, “sabia o que estava a acontecer na TAP” quando foi ministro das Infraestruturas, numa referência aos contratos da ex-presidente executiva da companhia.
“Não há nenhuma novidade naquilo que foi hoje conhecido. Seria estranho era ninguém saber da situação de duplos contratos da antiga administradora da TAP, isso seria muito estranho. E é claro que quem diz que não é jurista sabia o que é que estava a acontecer. Não há nenhuma dúvida sobre isso”, afirmou aos jornalistas Paulo Raimundo, em Rabo de Peixe, concelho da Ribeira Grande, nos Açores.
O jornal o SOL noticiou que Pedro Nuno Santos aceitou as condições da ex-CEO da TAP Christine Ourmières-Widener de manter funções noutras empresas, e que isso ficou previsto no contrato da gestora.
Questionado sobre esta situação, Pedro Nuno Santos declarou que “o contrato foi redigido por equipas jurídicas, o que quer dizer que diferentes equipas jurídicas têm interpretações também diferentes sobre o que ali foi feito e, portanto, estão todos a partir do pressuposto de que a acumulação daqueles cargos é ilegal”, adiantando não ter essa certeza.
À margem de um encontro com pescadores e população em Rabo de Peixe, no primeiro dia de uma deslocação aos Açores, que vai ter eleições regionais antecipadas em 04 de fevereiro, Paulo Raimundo insistiu que se trata de “sacudir responsabilidades de uma coisa que é óbvia, toda a gente sabia, toda a gente conhecia esses duplos contratos da antiga administradora”.
O dirigente comunista insistiu que a “questão fundamental” é manter a TAP e a transportadora aérea açoriana SATA, enquanto empresas estratégicas, no domínio público.
“O resto é para alimentar polémicas, troca de galhardetes e nós vamos tentar resistir, até ao limite, para não entrar por aí, porque isso não resolve nenhum problema das pessoas, não resolve nenhum problema dos trabalhadores da TAP, não resolve nenhum problema dos trabalhadores da SATA, não resolve nenhum problema da vida de cada um de nós, referiu, salientando que o que resolve é “criar condições para uma vida melhor e concentrar nesses problemas não tem essa consequência”.
A ex-presidente executiva da TAP foi exonerada por justa causa, em abril de 2023, no seguimento da polémica indemnização de meio milhão de euros à antiga administradora Alexandra Reis, que levou à demissão do então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do seu secretário de Estado Hugo Mendes, e à constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da companhia aérea.