Angra do Heroísmo

O Conselho de Ilha da Terceira decidiu hoje não dar parecer sobre a anteproposta de Plano de Investimentos dos Açores para 2024, devido ao “histórico de execução” de anteriores planos e ao “irrealismo do documento”.

“Tendo em conta o histórico de execução e o irrealismo do documento, nomeadamente no que diz respeito à desagregação espacial das verbas, o Conselho de Ilha entende não se pronunciar sobre o mesmo”, lê-se na posição que será enviada ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), aprovada hoje por unanimidade, numa reunião em Angra do Heroísmo.

Os conselheiros decidiram, ainda assim, anexar os pareceres individuais das entidades que entendam pronunciar-se.

O presidente do Conselho de Ilha da Terceira, Marcos Couto, reeleito hoje, explicou, em declarações aos jornalistas, que a posição resulta do atraso na execução de investimento reprodutivo para a ilha.

“Vamos outra vez, sistematicamente e eternamente bater nas mesmas questões, o porto [da Praia da Vitória], o aeroporto, o terminal de cargas, o porto das Pipas, as estradas, toda uma quantidade de investimento que permite que depois o tecido empresarial e económico da ilha possa crescer, que se possam fixar pessoas, que se possa criar riqueza”, avançou.

A maioria das intervenções na reunião apontou críticas ao documento, mas o Conselho de Ilha acabou por não dar um parecer negativo ao documento.

Marcos Couto destacou a “unanimidade no voto final”, alegando que o órgão “não pode ter de forma alguma uma conotação política e partidária”, mas por vezes “ainda existe um pouco essa tentação”.

Na discussão da anteproposta, o presidente do Conselho de Ilha, que lidera a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, disse que está previsto “um investimento total para a Terceira de 157,4 milhões de euros, que são mais 17% do que no orçamento anterior”, mas “o problema é que nada se faz”.

O presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, Álamo Meneses (PS), alertou para o facto de o documento atribuir à ilha Terceira verbas de programas imateriais que estão divididos por todo o território, como o financiamento do transporte marítimo interilhas, sem se perceber com que métrica, “para que pareça que o investimento na Terceira é muito elevado”.

“Este é um plano miserável e mais do que isso é maldoso, porque tenta disfarçar a coisa pondo mais dinheiro para aqui e para ali. Estas manobras são muito desagradáveis de ver. Mais valia termos um plano honesto para a Terceira e dizerem ‘só vão ter isto’ do que meter na Terceira tudo o que é desagregável. Isso ofende-me e acho uma coisa mazinha”, afirmou.

Já a autarca da Praia da Vitória, Vânia Ferreira (PSD/CDS-PP), manifestou preocupação com a verba destinada à manutenção de estradas na ilha (1,5 milhões de euros).

“Depois de olhar para o valor que está inscrito, eu pergunto: como é que vamos conseguir fazer face à situação que já vivemos hoje e que com o passar do tempo cada vez agravar-se-á. É uma das situações que me deixa muito desconfortável, porque a manutenção destas pavimentações tem de ser feita”, referiu.

O deputado regional do PS Tiago Lopes apontou a “falta de credibilidade” do documento, alegando que “pouco ou nada se vê do que foi prometido realizar na ilha”.

“É muito difícil entrar no último ano desta legislatura e crer que será desta que a ilha Terceira terá a devida e necessária atenção”, frisou.

O deputado social-democrata Paulo Gomes destacou os investimentos previstos na aerogare das Lajes, no porto da Praia da Vitória, na ligação ente a Via Vitorino Nemésio à circular de Angra do Heroísmo e na manutenção de escolas, mas lembrou também outras medidas destinadas a toda a região, como a Tarifa Açores, o programa Novos Idosos ou a gratuitidade das creches.

“Claro que é importante as infraestruturas, mas o investimento que governo tem feito nas pessoas não é de menosprezar”, salientou.

PUB