A secretária da Educação dos Açores disse hoje que partilha muitas das preocupações manifestadas no arranque do ano letivo pela Federação das Associações de Pais e Encarregados de Educação e que o executivo está a resolver os problemas.

“A carta foi-nos endereçada agora, lemo-la com atenção, partilhamos muitas das preocupações. Agora, o que não quer dizer que não se esteja a atuar para resolver os problemas”, disse Sofia Ribeiro aos jornalistas durante a visita estatutária à ilha do Pico, que hoje termina.

A Federação das Associações de Pais e Encarregados de Educação dos Açores (FAPA) escreveu ao Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) a mostrar preocupação com o arranque do ano letivo, alertando para a falta de pessoal.

Na carta, os encarregados de educação mostraram-se “preocupados com a falta de recursos humanos nas diferentes áreas”, com a sua formação e com a manutenção dos edifícios, para que se possa implementar os “projetos educativos numa visão de educação inclusiva acompanhando a era da digitalização”.

Segundo a governante, “mais importante do que a deteção desses problemas” é resolvê-los: “E há soluções, no que concerne à falta de pessoal, que só têm, depois, um resultado a médio e a longo prazo”.

“Nós passámos por cerca de uma década em que foram retiradas condições de acesso à profissão, de estágios na profissão, com desinvestimentos na formação inicial da profissão e até mesmo por uma desvalorização da função docente, que nos conduzem à situação em que nós estamos”, admitiu.

Sofia Ribeiro vincou que a situação “não se reverte de um dia para o outro” e que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) está a desenvolver medidas para poder resolver o problema.

Reafirmou que é absolutamente essencial acompanhar “em que medida é que o próprio sistema está a dar respostas às necessidades iniciais que são verificadas”.

“Porque nós corremos o sério risco, nos próximos anos, atendendo às aposentações que estão previstas também na região, de voltarmos a ter aposentações, voltarmos a ter saídas do sistema e de termos dificuldade na colocação, porque não temos novos profissionais”, alertou.

Por esta razão, o executivo açoriano fez “uma série de reformas”, como a do estatuto da carreira docente e dos concursos do pessoal docente (criação dos quadros de ilha).

Em relação aos funcionários, salientou que foi feito um “reforço bastante substancial de trabalhadores em quadros”, mas no arranque do ano letivo estavam identificadas 217 baixas autorizadas, pelo que as necessidades que surgem vão sendo corrigidas.

Na carta enviada ao Governo açoriano, a FAPA elogia o trabalho realizado pela “dignificação da carreira” dos docentes e auxiliares, bem como pela “mudança de modelos para uma educação inclusiva”, mas avisa que ainda existe um “longo caminho a percorrer” devido à falta de recursos humanos.

“Mais um ano letivo que começa e, mais uma vez, nos encontramos perante constrangimentos em todas as unidades orgânicas espalhadas pelas nossas ilhas dos Açores, que, se alguns não poderiam ter sido previstos, outros há que com uma gestão antecipada poderiam ter sido evitados”, alertam na missiva dirigida à Secretaria Regional da Educação e Assuntos Culturais e à qual a agência Lusa teve acesso.

Os encarregados de educação expressam uma “grande preocupação” pela falta de professores em “diversas áreas da formação”, considerando que os apoios do Governo Regional, como as bolsas de mestrado para a formação de professores, “não vão colmatar as dificuldades emergentes nem as futuras”.

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