O presidente do Governo açoriano afirmou hoje que aquilo que “incomoda” o socialista Vasco Cordeiro são os sucessos do atual executivo “que contrastam com o seu legado” na governação, tendo o deputado dado exemplos de preocupações atuais.

“Não é a tentativa que muitas vezes sói dizer-se a quem, em desespero, quer esconder os sucessos alheios, de que há incompetências do Governo dos Açores que estão a ser disfarçadas pela criação de um inimigo externo do Governo da República. Não é assim. O que incomoda o senhor deputado Vasco Cordeiro são os sucessos deste Governo, que contrastam com o seu legado, em tantas áreas, que em tão [pouco tempo] resolvemos”, afirmou José Manuel Bolieiro.

O chefe do executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) falava no debate de urgência a respeito do “Incumprimento das responsabilidades do Governo da República para com a Região Autónoma dos Açores”, apresentado pelo grupo parlamentar do PPM, no segundo dia do plenário do período legislativo de setembro, o primeiro após as férias de verão, da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, na Horta.

E prosseguiu: “É que, muitas vezes, indagando os açorianos, e muitos deles, quando me confrontam e dizem ‘então o senhor presidente do Governo fala da Tarifa Açores, fala da diminuição dos impostos, fala na creche gratuita, fala do [programa] Idoso em Casa, fala no fim do rateio dos apoios aos agricultores e o Partido Socialista incomoda-se porque é sempre a mesma coisa?’”.

Acrescentou que os açorianos também lhe dizem que, nos últimos anos, o que têm na memória do que foi feito pelo executivo liderado por Vasco Cordeiro é “um cachalote voador” (numa alusão a um avião da SATA com gastos de mais de 40 milhões de euros e que esteve dois anos parado devido aos elevados custos de manutenção).

“Eis a diferença entre aquela identificação das competências e dos sucessos que esta perceção de factos que o senhor deputado Vasco Cordeiro gosta aqui, com ‘soundbite’, de dizer: que queremos disfarçar as nossas incompetências. Não! Nós estamos é a evidenciar os incumprimentos objetivos que penalizam o desenvolvimento dos Açores”, afirmou.

O líder do Governo açoriano também referiu que o tem dito, “com urbanidade, na relação cordial com o primeiro-ministro”, sem esconder a crítica e a revindicação ao Governo da República.

Bolieiro afirmou que procura “ser equilibrado, ponderado e justo” nas suas “perceções dos factos e dos relacionamentos interpessoais na política, fora da política, nas instituições e na democracia portuguesa”.

No uso da palavra, Vasco Cordeiro pediu ao presidente do executivo que “não se irrite”.

“Senhor presidente não se irrite, nem se amofine com aquilo que é o debate parlamentar normal. A democracia vive disso. Aliás, eu tenho notado desde há alguns tempos a esta parte, [que] o senhor presidente do Governo está particularmente ácido e agressivo em relação à minha pessoa, mas eu estou a fazer o meu papel. E, portanto, tenha calma, o povo decidirá”, disse.

Vasco Cordeiro elencou depois algumas preocupações do PS em relação à governação liderada por José Manuel Bolieiro: “Preocupa-nos que, por exemplo, depois de anos a baixar a taxa de risco de pobreza, os últimos dados dizem que ela está a crescer. (…) Preocupa-nos que, depois de anos a melhorar índices, por exemplo, no caso da igualdade, ou de combate às desigualdades, os últimos dados digam que está a crescer”.

Os socialistas também estão preocupados, entre outras situações, por, “em dois anos apenas,” o Governo ter “endividado a região em mais de 600 milhões de euros” e por, em 2021 e em 2022, o défice verificado ter “batido todos os recordes”.

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