Joaquim Machado, Deputado do PSD/Açores ALRAA

Mesmo ao bater do minuto 90, saltou-me uma notificação no telemóvel e os olhos desviaram-se do grande para o pequeno ecrã, querendo o destino que entre eles houvesse uma relação direta, além de irónica e provocadora. O remetente, meu amigo, era suspeito na matéria, sabia ao que vinha naquele momento em que as dúvidas se adensavam e quase tudo ficava a perder. Li e engoli a provocação da mensagem em jeito telegráfico: “Parece que há Galo em Alvalade”.

Quando normalmente a escrita no telemóvel foge às elementares regras da gramática e da grafia, atente-se no pormenor da maiúscula na palavra galo, na pomposidade conferida ao substantivo, aqui feito sujeito, herói em terreno adversário, colaborador nos sonhos que alimentam o rival de Lisboa. Outro membro do grupo do WatsApp, também interpelado pela dita mensagem, ainda disfarçou a mágoa clubística, aludindo à corrida de fórmula 1 que à mesma hora acelerava por terras americanas.

Apreciei a fleuma e o desportivismo. Mas como diz o ditado, todo o peru tem o seu Natal. E tratando-se de um galo, talvez mais cedo lhe seja traçado o destino, foi o caso, porque são falíveis todos os prognósticos para jogos de futebol e a contenda só termina com o apito final. Até lá, tudo pode acontecer, mesmo a “remontada”, como dizem os nossos vizinhos espanhóis. Da desvantagem à vitória vai a distância de um remate certeiro, pouco importando a força, o lugar de origem, a fama do seu autor ou outra sorte de requisito que não seja bater lá no fundo das redes e devidamente validado pelo VAR, juiz supremo nesta arte.

Toma lá, amigo.

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