Cumpriu-se a tradição!

Neste passado domingo dia 27 de abril de 2025, o primeiro domingo a seguir à Páscoa, realizou-se a procissão aos enfermos no Vale das Furnas e também conhecida como a primeira Dominga. Esta procissão com grande tradição nas Furnas está intimamente ligada ao primeiro Vigário das Furnas, o Padre poeta José Jacinto Botelho, e pretende levar a casa dos enfermos da freguesia o Santíssimo Sacramento e uma palavra de conforto a estes doentes, na sua maioria em situação de acamados e dependentes.

Esta procissão percorre as ruas do Vale das Furnas devidamente enfeitadas com tapetes de flores, no passado exclusivamente constituídas por milhares de azáleas de várias cores e verdura de criptoméria, sendo que alguns destes tapetes constituíam verdadeiras obras de arte, como eram os tapetes de flores do saudoso José Ângelo, mesmo junto às Três Bicas.

Ontem a tradição cumpriu-se e foi possível observar alguns destes tapetes herdeiros dos de antigamente, como é o do caso do meu afilhado Carlos na rua de Sant`Ana, mas agora construído à base de aparas de madeira devidamente pintadas, ainda que num caso, ou, outro continuem a serem utilizadas algumas azáleas, mas numa dimensão que não tem nada a ver com o passado. O clima está a mudar e a afetar a floração das azáleas, depois existem furnenses como eu que gostam de ver as flores é principalmente no seu habitat natural, recorrendo a outras alternativas naturais como são os Jarros, pertencente à família das Araceae, que não tendo o mesmo impacto das azáleas também são bonitas e mais abundantes.

A procissão integrou fiéis, o Pároco das Furnas, a Harmónica Furnense, a primeira Dominga da família Vertentes da rua do Outeiro, e representantes de algumas instituições, tendo visitado 15 doentes.

Esta procissão costuma atrair muitos forasteiros ao Vale das Furnas, a que acrescem presentemente as centenas e centenas de turistas que demandam ao Vale das Furnas para desfrutarem das suas belezas naturais, incluindo parques, lagoa, caldeiras, piscinas, e especialidades gastronómicas, o que é positivo, mas coloca um desafio excecional aos furnenses que estão empenhados em criarem e construírem os tapetes de flores para a procissão passar, já que alguns indivíduos por desconhecimento e outros por falta de respeito com os outros, teimam em deixar mal estacionadas as suas viaturas, incluindo aqueles que passam ostensivamente por cima dos tapetes de flores, mesmo antes da procissão passar, ontem pareceu-me que graças ao trabalho das forças da polícia a situação melhorou, mas continuam a existirem episódios que se não fosse a nossa capacidade de resiliência, colocava em causa a nossa vontade de preservar esta tradição e fé.

Não foi a chuva que impediu a nossa vontade inquebrantável de fazer os tapetes de flores e aparas, e valeu a pena, porque a Procissão acabou por sair e visitar os nossos enfermos, principal objetivo desta manifestação religiosa.

Agora subsiste nas Furnas, um problema que é o desordenamento do transito e falta de estacionamento, e que tende a agravar-se.

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