Uma praça de São Pedro quase cheia saudou hoje com palmas e fotografias a passagem da urna com o corpo do Papa Francisco, uma cerimónia que marca o início público das celebrações fúnebres do líder da Igreja Católica.
“Foi um bom Papa, vai fazer-nos falta”, disse, em italiano, um dos polícias militares destacados para controlar a entrada dos fiéis na Praça, sujeitos a controlo.
O corpo do Papa saiu numa procissão da residência de Santa Marta, onde residiu após ter sido eleito, que incluiu centenas de cardeais, muitos deles já sem funções por excesso de idade, bispos, sacerdotes, missionários, religiosos e funcionários do Vaticano.
A procissão passou pela zona central da Praça de São Pedro e entrou na Basílica pelas portas centrais.
Os primeiros a prestar os seus respeitos à urna, já depositada na Basílica de São Pedro, foram os cardeais, em silêncio, seguindo-se os bispos e demais elementos da procissão. Só depois é que é permitido aos fiéis, que aguardam na Praça, a entrada no templo para velar Francisco.
Nas cadeiras espalhadas pelo recinto, estavam milhares de fiéis que esticavam os braços para obter a melhor imagem da passagem da urna, com a música coral do Vaticano como som de fundo.
Em alguns momentos, ouviram-se aplausos à passagem da urna e, no final, pouco antes de a procissão entrar na basílica, as palmas foram mais audíveis.
Numa cadeira estava Maria Ferrara, residente em Roma que promete só sair de São Pedro depois de ver o Papa.
“Já é o meu quinto Papa. Mas este foi especial”, diz, segurando um terço na mão, visivelmente emocionada.
À passagem da urna aberta, transportada aos ombros, os fiéis pouco puderam ver. “Só pude ver a mão, mas quero ir vê-lo”, prometeu Maria.
O corpo, já embalsamado, ficará na basílica até sábado, ocasião em que serão celebradas as exéquias.
Durante este período, uma guarda de honra do corpo de segurança papal — os guardas suíços — vão acompanhar o corpo.
A cerimónia de hoje foi celebrada pelo cardeal-arcebispo irlandês Kevin Joseph Farrell, que ocupa o cargo de camerlengo. Já as celebrações de sábado serão presididas pelo decano do colégio de cardeais, o italiano Giovanni Battista Re (91 anos), que presidiu ao conclave que elegeu Francisco.
As exéquias irão terminar com despedidas solenes, o túmulo será levado novamente para o interior da Basílica de São Pedro e, de lá, transferido para a Basílica de Santa Maria Maior, onde será realizada a cerimónia de sepultamento, como havia sido pedido pelo Papa, com uma única inscrição: “Franciscus”.
O Papa Francisco morreu na segunda-feira aos 88 anos, de AVC, após 12 anos de pontificado.
Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta e primeiro latino-americano a chegar à liderança da Igreja Católica.
A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer. O Papa Francisco esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral, tendo tido alta em 23 de março.