Por ora, do pandemónio. Na sequência da crónica anterior, com o título extraído do original “La colère des imbéciles remplit le monde”, in Les Grandes Cimetières de La lune, da autoria de George Bernanos, num continuum de denúncia razoável de valores opacos e ouropel do espectro político.

Cimeiros, o presidente de França, ‘media vita in morte sumus’* e o primeiro-ministro do Reino Unidos configuraram uma saída do estado comatoso das instituições de auspícios unionistas. As mesmíssimas pessoas, representantes da causa e efeito na endosfera dos Estados-membros, agora em aliança informal não de aliados, mas associação de clientes-potências nucleares para captar alguns dos mil milhões prontos, mesmo para o cliente de referência como o Reino Unido, agora na copresidência do Grupo de Contacto para a Defesa da Ucrânia – com a Alemanha na sequência da saída dos EUA da cúpula.

Porém, o predito “Le medíocre est un piège du démon” também, de George Bernanos, em 1936 reedita-se 89 anos depois… o presidente de França, que em 2017, no pátio do Louvre prometeu tudo fazer para garantir que não houvesse mais motivos para os votos em partidos das extremas; um ano e meio depois, perante a sublevação dos Gilets jaunes, reconheceu a sua incapacidade para “reconciliar o povo francês com os seus líderes”. Insuflado, consubstancial a Napoleão Bonaparte quando este disse: [Assumo a responsabilidade por tudo o que a França fez desde os tempos de Carlos Magno ao Terror de Robespierre]. Consequência: um facilitador da ressurgência das extremas. Na primeira volta das eleições de 2022, mais de metade dos votos, (55,6%) foram para candidatos da extrema-esquerda ou da extrema direita.

“Pois, é paradoxal que, no âmbito de um estado totalitário, se tenha inventado alguma coisa de carácter tipicamente democrático.” Afirmou, Baldur von Schirach, líder da Juventude Hitleriana. Foi condenado a prisão por crimes contra a humanidade e libertado sem a cumprir.

Na senda do sistema que se adaptou à mudança sem os resultados propalados, sujeitou-se por princípios sem fins e cheques políticos sem cobertura, afetou a síndrome das memórias falsas ‘ideologizou’ a repolitização da economia e produziu um excedente inominável, um corpo aparentemente inassimilável – contemporização supratemporal na génese dos autoritarismos – de novo um idiossincrático capaz de se universalizar pela sua legitima, (eleito e reeleito), condição de meio de se exprimir sobre a Europa com a ideia do espaço da ‘magna latrocinia’ a não ser que se tornem clientes sob qualquer condição dos EUA.

O Estado de Direito, em abstrato, atravessa dificuldades sem precedentes; os “valores comuns” desde a Lei, bem como o procedimento maioritário da eleição decorrentes do progresso da consciência universal. No contexto da ordem internacional híbrida na dimensão empírica não considerada a dimensão normativa, a desorientação norte-americana pela diminuição do poder hegemónico de sobrevivência no desequilíbrio, perda do controle sobre o sistema financeiro global, mas também e não só, enviesada a lei política muito antiga: “o estado imperial é detestado pelos súbditos e, como tal, não pode senão mantê-los debaixo do seu jugo.” Perderam!

Enquanto tergiversaram sobre acrónimos, e.g., BRICS e o mais recente eixo, CRINK, composto pela China, Rússia, Irão e Coreia do Norte, apesar das agendas próprias, o Império do Meio, como é conhecida a China, atingiu o PIB em 30% maior do que o dos EUA e dobrará até 2035. Tributar os juros pagos aos países que detêm os títulos americanos não resulta.

Contudo, persiste na intelecção simplista o argumento arrogante de que os outros blocos são hostis ao Ocidente e desdenha sobre a coesão ideológica daquela comunidade supranacional. Refere-se à sua presença nos mercados como infiltrações em vez de parceiros, etc. Tais vacuidades têm dissimulado o recurso, do ‘nosso lado’ às “leis fascistíssimas” de Mussolini, para controlo da imprensa, interdição de órgãos de comunicação social, submissão de associações, censura a objetivos de desenvolvimento sustentáveis quer internamente quer por ingerência, também nessas matérias, nas políticas dos Estados soberanos através das embaixadas.

A China em 2049, ano da comemoração da sua Libertação que ser potência dominante!

*Um cumprimento em canto gregoriano a Emmanuel Macron, como com certeza se lembram é especialista em perdas funcionais, também, pela sua visão da NATO (2019), “em morte cerebral”.

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