O município de Velas, em São Jorge, nos Açores, passa a partir de hoje a ter endividamento zero, anunciou o presidente da autarquia, destacando que a Câmara pagou direta e indiretamente sensivelmente 10 milhões de euros de dívida.
Em conferência de imprensa, o presidente da Câmara Municipal de Velas, Luís Silveira (CDS-PP), que cumpre o último mandato, recordou a herança financeira “muito pesada que recebeu”, com o município quase a entrar em saneamento financeiro, o que teria obrigado a aumentar impostos às pessoas e empresas.
Segundo o autarca, o município estava comprometido financeiramente por via do endividamento direto e das empresas municipais ‘Terras de Fajãs’ e ‘Velas Futuro’, assim como pela dívida da Escola Profissional da Ilha de São Jorge, através da sua proprietária, a Associação de Desenvolvimento da Ilha de São Jorge – ADISJ, da qual o município é sócio maioritário.
“Feito este percurso, é com gosto e satisfação que anunciamos que o endividamento, quer do município, quer da ADISJ, passa a ser zero”, sublinhou Luís Silveira, que estava acompanhado pelo presidente executivo da ADISJ, Dário Fonseca, e pela presidente da Assembleia Municipal de Velas, Lena Amaral, enquanto órgão fiscalizador da atividade executiva da autarquia.
O autarca de Velas sustentou que hoje a escola profissional tem a imagem “credibilizada”, ao contrário do passado, quando o estabelecimento de ensino “não pagava aos seus fornecedores há mais de dois anos, não pagava ao Estado a sua dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social”, “não pagava as bolsas de estudo” e “devia os ordenados aos seus colaboradores há mais de seis meses”.
“Uma escola com a sua imagem totalmente descredibilizada”, apontou o autarca, referindo-se à situação de há cerca de 12 anos.
Reiterando que hoje a escola profissional “tem as suas contas certas” e “cativa cada vez mais alunos do exterior”, Luís Silveira destacou ainda que o estabelecimento de ensino retomou a ligação com Cabo Verde, recebendo alunos daquele arquipélago.
Além disso, acrescentou, abriu este ano um terceiro curso profissional e conta com “uma taxa de empregabilidade na ordem dos 95% na área da Mecatrónica e na área da Agropecuária, recuperando a sua credibilidade, sendo hoje considerada uma das melhores escolas profissionais da Região Autónoma dos Açores”.
Em relação à autarquia, depois de “um processo longo, difícil e complexo”, com o encerramento das duas empresas municipais, Luís Silveira destacou o trabalho dos vereadores nos três mandatos, dos representantes dos órgãos sociais da ADISJ e colaboradores do município.
O autarca disse ainda esperar que este seja um percurso contínuo de desenvolvimento, mantendo o município a capacidade de investimento, de usar a totalidade dos fundos comunitários disponíveis e nos apoios às famílias, no investimento em reabilitação ou construção de novas infraestruturas públicas.
Luís Silveira notou também que, apesar de a autarquia ter pago direta e indiretamente sensivelmente 10 milhões de euros de dívida, teve “forte capacidade de investimento com fundos próprios em inúmeros aspetos estratégicos para o desenvolvimento do concelho”.