Creio que a didática continua a apostar na criatividade individual para desenvolver competências no domínio da língua, sobretudo ao nível da escrita. No meu tempo de estudante, nos primeiros anos de escolaridade, eram famosas as redações, textos subordinados ao desenvolvimento de um tema ou ao livre-arbítrio do autor. Em qualquer caso, o mestre escola desafiava a nossa imaginação. Imagina que… E assim partíamos para esse exercício de criatividade.
Ora, é precisamente o que proponho hoje.
Imagine que um deputado dos partidos que suportam o governo nos Açores subscrevia um projeto de diploma para favorecer a atividade a que se dedica a sua empresa. O caso não passaria em branco. Oposição, jornais e televisão, redes sociais, unidos, fariam coro, como habitualmente, num julgamento sumário, sem direito a contraditório ou exigência do ónus da prova.
Imaginemos agora outra coisa, que um daqueles partidos da governação vendia o imóvel da sua sede, por quantia elevada, digamos, bastante acima de meio milhão de euros, e que passados uns dias o comprador colocava novamente o edifício no mercado. Repetia-se o folhetim, claro está, duplicando ou triplicando o apedrejamento, sem dispensar as insinuações sobre lóbis, monopólios e oligopólios. E ameaças de expediente para o Ministério Público.
Imagine-se tudo isto e o alarido que provocaria na praça, nas capas dos jornais, nos noticiários das rádios. Até as televisões nacionais assentariam arraiais para reportar tanta suspeita.
Tratando-se de casos reais e de outros autores, a malta assobia em tons angelicais.