O Governo Regional dos Açores lançou hoje uma campanha de sensibilização para combater estereótipos de género, sobre profissões e divisão de tarefas domésticas.
“É esta a nossa missão: continuar a levar esta mensagem de provocar uma reação nos outros para que as pessoas não se acomodem. Porque efetivamente há ainda um longo caminho a percorrer e não podemos ignorar que algo tinha de ser feito”, afirmou a secretária regional da Saúde e Segurança Social, Mónica Seidi, na apresentação da campanha, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
“Provoca a igualdade, faz diferente” é o slogan da campanha inserida no Plano Regional para a Igualdade e Não Discriminação.
Os vídeos e cartazes promocionais, que serão divulgados na comunicação social e nas redes sociais, foram hoje apresentados a alunos da Escola Básica e Secundária Tomás de Borba.
Inspirada em exemplos reais, a campanha mostra uma mulher que é condutora de autocarros, um homem que é auxiliar numa creche e um jovem que ajuda a mãe nas tarefas domésticas.
“Com esta campanha pretendemos desconstruir alguns estereótipos que estão associados às profissões, normalmente associadas ao género feminino ou ao género masculino, e quebrar alguns preconceitos e estereótipos nas tarefas domésticas”, explicou Simão Carvalho, técnico superior na Direção Regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social.
Segundo Simão Carvalho, o conhecimento científico mostra que estes estereótipos devem começar a ser combatidos desde cedo, mas não basta abordá-los dentro da escola.
“Não pode ser só nas aulas de cidadania, tem de ser uma coisa transversal a todas as disciplinas e com o contributo de todos os setores da sociedade”, frisou.
O Plano Regional para a Igualdade e Não Discriminação prevê a realização de um estudo sobre a igualdade de género nos Açores, que será “o primeiro estudo regional especificamente para esta matéria”.
“O objetivo é começar a recolher estes dados estatísticos e recolher conteúdo para depois no futuro, quem sabe num segundo plano, começarmos a direcionar mais medidas específicas para combater estes estereótipos e estes preconceitos que ainda persistem”, explicou o técnico superior.
Não existem ainda dados regionais, mas os números nacionais, de 2024, apontam para uma sobrecarga das mulheres nas tarefas domésticas.
“Na preparação das refeições, a maioria é para as mulheres, com 65%; na limpeza da casa com 59,3%; na lavagem e no cuidado da roupa com 77,8%; e ficarem em casa quando os filhos estão doentes com 63,7%. Os homens têm alguns encargos, mas evidenciam-se nos arranjos e restauros da casa, com 78%, e nas tarefas relacionadas com o pagamento das contas familiares, na ordem dos 36%”, revelou Joana Borba, técnica superior na Direção Regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social.
Segundo Joana Borba, os números indicam uma evolução face a anos anteriores, mas “ainda existe um desequilíbrio”, com maior sobrecarga das mulheres, o que se traduz em maior cansaço, podendo provocar outras doenças.
A secretária regional da Saúde e Segurança Social lembrou que o Plano Regional para a Igualdade e Não Discriminação está em vigor desde 2023 e que já foram realizadas “inúmeras ações de sensibilização”.
Estão previstos também ciclos formativos direcionados a vários técnicos da administração pública e de instituições.
“O Governo Regional irá continuar a desenvolver outras ações em matéria de igualdade, que sejam uma mais-valia para que se possa combater estas questões nas suas demais formas, não só do ponto de vista da igualdade de género, mas também de outros apontamentos que sejam necessários para que este tema não seja esquecido”, salientou Mónica Seidi.