Os problemas de energia que, na madrugada de quarta-feira, afetaram o hospital de Ponta Delgada, alvo de um incêndio em 04 de maio, levaram ao cancelamento de 106 consultas e cinco cirurgias, entretanto remarcadas, informou hoje a tutela.
A secretária regional da Saúde e da Segurança Social dos Açores, Mónica Seidi, disse hoje à agência Lusa que, devido ao incidente foram canceladas 106 consultas, “sendo que já foram todas remarcadas”.
Apesar da situação, a governante adiantou que ao longo do dia de quarta-feira foram realizadas cerca de mil consultas no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES).
“Portanto, apesar de tudo isto, foi possível a atividade assistencial decorrer. As [consultas] que não foram realizadas já estão reagendadas”, referiu Mónica Seidi à Lusa em Ponta Delgada, à margem da sessão de encerramento do 9.º ‘workshop’ de boas práticas em saúde no Serviço Regional de Saúde, organizado pela Unidade de Saúde da Ilha de São Miguel.
A governante também adiantou que, na quarta-feira, foram canceladas cinco cirurgias no HDES, que também já estão reagendadas.
O HDES esteve com o bloco operatório e a consulta externa sem atividade durante a madrugada, devido a problemas de energia, tendo retomado a atividade durante a manhã daquele dia.
Em declarações à Lusa, a presidente do conselho de administração do HDES, Paula Macedo, explicou que desde as 03:00 locais (04:00 de Lisboa), “houve a ocorrência de vários disparos de segurança em vários quadros elétricos com suspensão de eletricidade ao nível de todas as tomadas”.
Os cortes abrangeram as áreas de ambulatório, consulta externa e hospital de dia polivalente, o bloco operatório e a rede informática.
A titular da pasta da saúde nos Açores disse à Lusa que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) está a acompanhar a situação no HDES e, à data de hoje, não pode dizer, “com garantia, qual será a causa” do incidente.
“Mas posso-lhe dizer que essas causas estão a ser identificadas, não só pelo serviço de instalações e equipamentos do HDES, mas também por empresas externas, a quem foi pedida a colaboração”, adiantou.
Na quarta-feira, o HDES explicou em comunicado que o Serviço de Instalações e Equipamentos estava a “desenvolver esforços”, apoiado por entidades externas, para apurar o fenómeno que esteve na origem da quebra de fornecimento de energia, “assim como as possíveis soluções de reparação”.
“Ainda que já estejam identificadas algumas possíveis causas e proposta de soluções, decorrem trabalhos técnicos de estabilização dessas soluções, pelo que é preciso um período de 72 horas para testar sistemas”, indicou.
Na mesma nota, o HDES referiu que caso não estivesse o hospital modular a funcionar – instalado após o incêndio de 04 de maio de 2024 -, que atualmente alberga serviços como Cuidados Intensivos, Cuidados Intermédios, Neonatologia, Hemodinâmica, Bloco de Partos e Bloco Operatório, “num contexto de quebra de energia prolongada”, os utentes nestas valências teriam sido retirados “num prazo máximo de uma hora”.
A secretária regional da Saúde também reconhece a importância do hospital modular no perímetro do HDES, salientando que vários serviços afetados pela falha energética estão assegurados: “Isso fez com que não fosse necessário evacuar o hospital, retomar a atividade na CUF e voltar àquela dispersão de serviços a que assistimos durante alguns meses [devido ao incêndio]”.
O hospital modular também será útil quando começarem as obras de reabilitação do HDES, pois segundo Mónica Seidi, terá a “função de serviço de retaguarda”.
“Porque não vai ser possível no mesmo espaço ter uma obra a funcionar, com todas as condicionantes associadas (…) e, portanto, há a necessidade de haver uma estrutura de retaguarda que faça com que seja possível continuar a desenvolver atividade assistencial e que haja o mínimo de constrangimento possível causado aos utentes e dar condições aos profissionais de saúde para que continuem a desenvolver a sua atividade”, justificou.