A freguesia das Calhetas, no concelho da Ribeira Grande, é um dos pequenos tesouros da ilha de São Miguel, nos Açores. Elevada à freguesia em 1924, esta localidade costeira tem enfrentado nos últimos anos o desafio da erosão na sua orla marítima. O desabamento de terras, incluindo quintais de casas e um estabelecimento comercial, causou apreensão entre os moradores e visitantes. Esta situação, que afeta diretamente a segurança da comunidade, é um reflexo das dinâmicas naturais que moldam as ilhas açorianas, trazendo à tona a necessidade de medidas preventivas e de
Recorrendo à história, encontramos em Gaspar Frutuoso, escritor açoriano, uma descrição vívida desta freguesia. O autor refere: “De Rabo de Peixe a um terço de légua, estão umas Calhetas em pontas e arrecifes de pedra, em que toma muito peixe de tarrafa e se fazem boas pescarias”. Este relato evidencia a importância histórica e econômica da pesca para a região, um elemento que ainda caracteriza parte da identidade local. O nome “Calhetas” evoca uma geografia peculiar desta zona, marcada pelas formações rochosas e recifes que definem.
Um dos símbolos de destaque da freguesia é o Mosteiro de Nossa Senhora das Mercês, edifício de interesse público e local de clausura das Irmãs Clarissas. Este mosteiro, além de ser um património cultural e religioso, reforça o carácter histórico e espiritual da localidade. A igreja paroquial de Nossa Senhora da Boa Viagem, outro marco importante, é um ponto central para a comunidade, situando-se próximo ao local onde recentemente ocorreram o desabamento de terras. Apesar da proximidade, a integridade estrutural destes edifícios não foi comprometida, o que trouxe alguma tranquilidade à população.
Os acontecimentos naturais que afetam a orla das Calhetas têm, contudo, mudanças impostas ao quotidiano da freguesia. Durante os festejos em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem, realizados em setembro, foi necessário alterar os percursos tradicionais da procissão e das exibições musicais para garantir a segurança de todos os participantes. Estas adaptações refletem o cuidado da comunidade em preservar as suas tradições, mesmo perante adversidades.