O deputado Miguel Arruda, suspeito de furtar de malas em aeroportos, confirmou hoje que vai passar a deputado não inscrito, deixando de integrar o Grupo Parlamentar do Chega, e desfiliar-se do partido.
“Passo à condição de independente única e exclusivamente para proteger o partido”, afirmou.
O deputado eleito pelos Açores falava aos jornalistas após uma reunião de cerca de meia hora com o presidente do Chega na Assembleia da República.
Miguel Arruda indicou também que irá desfiliar-se do Chega.
O parlamentar disse que, na reunião, André Ventura lhe transmitiu que, para continuar vinculado ao Chega, teria de suspender ou renunciar ao mandato.
“O presidente colocou-me à disposição duas opções, mas eu já trazia a minha opção definida”, indicou.
O deputado disse ser inocente, que as malas encontradas em sua casa são suas, e considerou que, enquanto se defende, não pode estar “conotado com qualquer tipo de partido”.
Questionado se tem condições para continuar como deputado da nação, Miguel Arruda respondeu: “Claro que sim, se eu me considero inocente, se eu durmo descansado e de consciência tranquila…”
“Estamos num Estado de direito, uma pessoa só é julgada e condenada no sítio próprio, perante um juiz, não é na praça pública”, defendeu.
Perante os jornalistas, Miguel Arruda sustentou que “as pessoas malfeitoras têm de ser castigadas, mas com lei”.
No final do encontro, Miguel Arruda classificou a conversa com André Ventura como “muito franca” e “muito agradável”.
Antes da reunião, fonte próxima de Miguel Arruda adiantou à Lusa que o deputado iria comunicar a Ventura a intenção de passar a deputado “não inscrito” em grupo parlamentar, ou seja, independente.
Sobre as provas recolhidas pela investigação, disse que “têm de ser mostradas no tribunal”.
Miguel Arruda mostrou-se também favorável ao levantamento da sua imunidade parlamentar, algo obrigatório devido ao crime em causa ter uma pena máxima superior a três anos.
O parlamentar recusou ainda estar agarrado ao lugar de deputado.
“Eu estou a fazer isso para que me consiga defender, como pessoa individual e não como membro do partido. Quando for declarada a minha inocência, aí poderei, não sei, ingressar num partido novo, vamos ver”, admitiu.
Questionado se tem conta numa plataforma de venda de artigos em segunda mão, como roupas, respondeu: “Não tinha nenhuma plataforma na Vinted, se tinha era antiga, alguma coisa antiga”.
À pergunta se a apagou recentemente, disse: “Não sei do que fala. A minha esposa fazia qualquer coisa deste género, mas não lhe sei dizer em concreto”.
Perante a insistência, acrescentou: “Não apaguei, deve estar [disponível] com certeza”.
Depois de a PSP ter efetuado buscas nas suas casas em Lisboa e em São Miguel, o deputado eleito pelos Açores foi constituído arguido por suspeita do furto de malas no aeroporto.