A secretária regional da Saúde dos Açores disse hoje que até ao final do primeiro semestre do ano devem estar recolhidos os dados do estudo encomendado em 2018 sobre os fatores de risco de cancro na região.

“Já temos um cronograma e vamos cumprir uma das recomendações do Tribunal de Contas que seria de até ao final do primeiro semestre de 2025 ter pelo menos os dados colhidos para que possam ser trabalhados e apresentados o quanto antes”, afirmou a titular da pasta da Saúde nos Açores (PSD/CDS/PPM), Mónica Seidi.

Em dezembro de 2018, quando o PS governava a região, foi assinado um protocolo entre a Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), a Direção Regional de Saúde e a Universidade dos Açores tendo em vista a realização de um estudo sobre o cancro no arquipélago.

Numa auditoria à Estratégia Regional de Prevenção e Combate às Doenças Oncológicas dos Açores, divulgada em 06 de janeiro, o Tribunal de Contas identifica o atraso na conclusão do estudo.

“O estudo ainda não foi concluído, continuando a invocar-se como fundamento para o atraso a pandemia de covid-19, quando o contrato foi celebrado pelo prazo de três meses, renovável. Contudo, de acordo com a informação prestada, estão a ser realizadas diligências junto do cocontratante, no sentido da conclusão do trabalho de campo”, é apontado na auditoria.

A auditoria indica que “entre 2017 e 2022, a doença oncológica constituiu uma das principais causas de morte nos Açores (27% dos 14.329 óbitos registados naquele período)”.

“No que diz respeito à mortalidade por cancro, os Açores registaram as taxas (brutas e padronizadas) mais elevadas do país, apesar de apresentarem um perfil populacional mais jovem”, sublinham os juízes.

Questionada sobre estes números, a titular da pasta da Saúde disse que o Plano Regional de Saúde integra “um programa dedicado às doenças oncológicas”, que prevê “uma massificação dos rastreios e uma articulação melhor entre os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares”.

“Isso demonstra a nossa preocupação em inverter esta tendência”, salientou Mónica Seidi, que falava à margem de uma reunião do grupo de trabalho do projeto-piloto de rastreio do cancro do pulmão, em Angra do Heroísmo.

Quanto ao facto de o Tribunal de Contas ter detetado que os dados sobre os Açores registados na plataforma do Registo Oncológico Nacional estavam desatualizados, Mónica Seidi disse que houve “uma falha no início deste registo oncológico”.

“Em 2018, não havia qualquer tipo de registos efetuados relativamente ao número de casos de cancro nos Açores nesse registo oncológico. Passadas duas semanas da notícia do Tribunal de Contas, tivemos acesso aos dados de 2023 e partimos de zero casos registados em 2018 para 1.021 casos em 2023. Há um desfasamento entre a análise do Tribunal de Contas e a realidade”, adiantou.

A governante acrescentou ainda que em 2023 “há uma preocupação de este registo ser feito atempadamente, com recursos a plataformas informáticas e com a disponibilidade dos profissionais de saúde”.

 

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