O projeto-piloto do rastreio do cancro do pulmão nos Açores deverá arrancar em 2025 em São Miguel e na Terceira, sendo posteriormente alargado às restantes ilhas, revelou hoje o presidente do Centro de Oncologia dos Açores (COA).
“A nossa expectativa é que no primeiro trimestre possamos ter estas questões que carecem de pequena afinação definidas. Esperamos começar este projeto em 2025”, adiantou, em declarações aos jornalistas, em Angra do Heroísmo, o presidente do COA, João Macedo, à margem de uma reunião do grupo de trabalho criado, em 2024, para definir os pressupostos técnicos da implementação do projeto-piloto.
Em junho de 2023, a secretária regional da Saúde, Mónica Seidi, disse esperar que o projeto-piloto arrancasse no primeiro trimestre de 2024.
Questionada sobre o atraso, a governante disse que o rastreio “estava previsto no Orçamento da Região para 2024, que foi chumbado”.
“O orçamento foi publicado em julho de 2024. Houve um atraso face àquilo que seria a nossa previsão inicial”, explicou.
O executivo açoriano esteve também a aguardar pelos resultados do grupo de consenso de um colégio de peritos sobre este rastreio a nível nacional, que saíram no final de 2024.
“Não fazia sentido avançar com um projeto-piloto sem saber o que estava preconizado a nível nacional”, apontou Mónica Seidi.
Este ano, o projeto-piloto chegará às duas maiores ilhas da região, Terceira e São Miguel.
“A Terceira, à partida, será uma ilha que neste momento já oferece uma consolidação dessa operacionalização diferente. O rastreio avançará pela Terceira”, adiantou a governante.
A titular da pasta da Saúde disse que o rastreio “só será alargado às outras ilhas quando o projeto-piloto estiver consolidado”.
Para tal é a necessária a instalação de equipamentos de Tomografia Computorizada (TAC) em três ilhas (Santa Maria, Graciosa e Flores), o que, segundo Mónica Seidi, deverá acontecer ainda este ano.
A governante anunciou ainda que o executivo prevê adquirir duas novas unidades móveis com tomossíntese mamária, para rastreio do cancro da mama, com a reprogramação dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), num valor “que ascende aos 700 mil euros”.
“Os números dizem que a taxa de participação aumentou em 2024, assim como o número de rastreios realizados, em geral. Isso demonstra que efetivamente que o centro de oncologia está a dirigir uma mensagem que está a chegar às pessoas”, frisou.
Sem avançar com datas para alargar o rastreio do cancro do pulmão a outras ilhas, o presidente do COA disse esperar que o projeto-piloto decorra, pelo menos, durante um ano.
“Temos primeiro de fazer a avaliação, que vai depender muito da adesão dos utentes, do tempo que demoram a responder e a comparecer ao rastreio. Vamos durante este ano fazer também uma campanha de sensibilização para podermos o mais rápido possível ter os dados suficientes para avaliar os mecanismos de escalar isto para outras geografias”, apontou.
O rastreio deverá ter como população alvo “fumadores ou ex-fumadores com carga elevada de tabaco e que estejam dentro da faixa etária definida, que será à partida entre os 50 e os 74 anos”.
João Macedo não avançou com um número previsto de utentes a abranger nesta primeira fase.
“Temos uma estimativa e um número de utentes alvo com base nessa estimativa, mas vai ser preciso um trabalho mais apurado dos cuidados primários e dos médicos de família, porque poderá ainda haver utentes que não tenham os seus hábitos de tabaco devidamente registados”, justificou.
Segundo o presidente do COA, o cancro do pulmão é o segundo com maior incidência nos Açores, sendo superior à média nacional.
Por ano, são detetados na região entre 130 a 150 novos casos de cancro do pulmão, que apresenta uma mortalidade mais elevada do que outros tipos de cancro.
A taxa de consumo de tabaco também é mais elevada nos Açores, situando-se nos 23%.