O BE/Açores disse hoje que o Serviço Regional de Saúde está “bloqueado” e apelou ao executivo que coloque o seu desenvolvimento no centro das prioridades, mas a tutela assegurou que “há um forte investimento” e continuará a existir.

“O Serviço Regional de Saúde (SRS) está bloqueado, bloqueado por um Governo [Regional] que o conduz por um caminho perigoso”, disse hoje o deputado e líder do BE açoriano António Lima, numa declaração política na sessão legislativa de janeiro do parlamento regional, na Horta (Faial).

Para António Lima, é urgente uma política para o SRS “que coloque o seu desenvolvimento no centro das prioridades políticas dos Açores”.

“Só assim o SRS cumprirá no futuro o seu objetivo: garantir o acesso a serviços de saúde de qualidade a todas as pessoas”, admitiu.

Na intervenção, o parlamentar único do BE perguntou se o SRS se tem modernizado e se tem sido capaz de responder às necessidades atuais da população e às especificidades dos Açores, respondendo de seguida que “não”.

“O SRS tem sido alvo de desinvestimento, subfinanciamento crónico e ausência de modernização técnica e organizacional. Assiste-se a uma mera gestão diária dos problemas, quando era necessário uma verdadeira estratégia de futuro”, admitiu.

Segundo o deputado bloquista, “o palavrão ‘subfinanciamento’ pouco dirá à maioria das pessoas, mas é uma das causas dos problemas do SRS”, que “leva a que não se invista, não se modernize, e a que não se pague aos trabalhadores o que se deve, desmotivando-os”.

Considerando que “há um Governo [Regional] resignado e alheado dos problemas da saúde”, António Lima reconheceu que o incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), de Ponta Delgada, “foi um forte revés no SRS e no acesso à saúde” na região.

Às críticas do BE juntaram-se as do PS, com o deputado José Toste a afirmar que a saúde nos Açores “teve em 2024 a maior degradação”, para a qual contribuiu o incêndio no HDES.

Contudo, acrescentou, esse “não é o motivo único” para a degradação, com um SRS em “situação calamitosa” e que deve merecer um debate alargado.

Pelo Chega, José Pacheco considerou a situação da saúde nos Açores como “uma vergonha”.

“A saúde continua má. […] Enquanto se gastam rios de dinheiro na SATA, há pessoas que não têm acesso à saúde”, salientou.

Já Nuno Barata (IL) voltou a defender “um plano aturado, sério de controlo da despesa pública”, devendo a saúde ser “uma prioridade”.

“Só há uma forma de alocar recursos à saúde, [que é] retirando fundos de outro lado qualquer”, argumentou.

Por sua vez, a deputada Salomé Matos (PSD) lamentou que o BE tenha optado por fazer uma declaração política que “só vem deitar abaixo” o SRS.

Também a secretária regional da Saúde e da Solidariedade Social, Mónica Seidi, lamentou não ouvir “um único contributo dos partidos da oposição” e rejeitou as críticas.

“Não posso dizer que está tudo bem, porque naturalmente não está tudo bem, mas que está melhor do que aquilo que encontrámos, não tenho a menor dúvida”, disse.

Mónica Seidi referiu ainda que, apesar de a oposição considerar que a atividade assistencial nos Açores é o caos, o PS “não conseguiu arranjar uma alternativa para o HDES” e agora critica a opção tomada com a instalação de um hospital modular devido ao incêndio que atingiu a maior instituição da região.

Quanto a investimento no SRS, Mónica Seidi lembrou que o executivo PSD/CDS-PP/PPM herdou equipamentos obsoletos e, desde 2020, já investiu 2,8 milhões de euros em equipamentos no HDES, 2,2 milhões de euros no hospital de Santo Espírito da ilha Terceira e 1,2 milhões de euros no hospital da Horta (a que acresce o aparelho de ressonância magnética).

“Há um forte investimento no SRS e irá continuar a existir”, garantiu a governante, lembrando que foram os investimentos realizados pelo atual executivo que permitiram que passassem a ser feitas cirurgias cardiotorácicas no HDES, evitando o envio de doentes para fora da região.

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