A candidatura dos romeiros de São Miguel ao registo no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial está em consulta pública durante os próximos 30 dias, segundo um anúncio publicado hoje em Diário da República.

A inscrição dos romeiros no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial é uma proposta do Movimento de Romeiros de São Miguel.

“No cumprimento do estabelecido no Artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de junho, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 149/2015, de 04 de agosto, o Património Cultural, Instituto Público, vem por este meio divulgar o início ao processo de consulta pública sobre o projeto de decisão de inscrição dos Romeiros de São Miguel no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial”, lê-se no anúncio publicado hoje em Diário da República.

Em declarações à Lusa, o presidente do grupo coordenador do Movimento, João Carlos Leite, explicou que “a partir de hoje, e durante os próximos 30 dias, o processo entra em consulta pública”, ou seja, até fevereiro.

A inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial pode ser o primeiro passo para a formalização de uma candidatura mais ampla a Património Imaterial da Humanidade.

“Estamos a falar de uma manifestação identitária tão forte da nossa cultura e da nossa fé”, salientou João Carlos Leite.

As tradicionais romarias da Quaresma tiveram origem na sequência de terramotos e erupções vulcânicas ocorridas no século XVI na ilha, que arrasaram Vila Franca do Campo e causaram grande destruição na Ribeira Grande.

Trajando um xaile, lenço, bordão e terço, os romeiros de São Miguel fazem um percurso de oração, fé e reflexão, entoando cânticos e rezando, sempre com mar pela esquerda, passando pelo maior número possível de igrejas e ermidas de São Miguel.

Os primeiros partem no fim de semana a seguir à Quarta-feira de Cinzas e os últimos regressam às suas localidades na Quinta-feira Santa.

Durante a semana em que estão na estrada, os romeiros dormem em casas particulares ou em salões paroquiais, devendo iniciar a caminhada antes do amanhecer e entrar nas localidades logo a seguir ao por do sol.

A importância desta tradição leva o Governo Regional, todos os anos, a dispensar do serviço, “sem prejuízo de quaisquer direitos e regalias”, os trabalhadores da Administração Pública regional que participem nas romarias.

Este ano, os primeiros ranchos de romeiros começam a sair para a estrada em 08 março.

Os elementos constantes do processo de inventariação dos “Romeiros de São Miguel” estão disponíveis para consulta no site do Património Cultural, I. P. http://www.patrimoniocultural.gov.pt.

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