Gualter Furtado

A Universidade dos Açores conta já na sua história com 49 anos de serviço à nossa comunidade, às instituições, às empresas, à Região Autónoma dos Açores e a Portugal, tendo alunos seus espalhados pelos mais diversos setores de atividade, em todas as regiões do país, e também no estrangeiro.

A Universidade dos Açores é filha do 25 de Abril e da vontade de alguns açorianos que sempre acreditaram que esta Instituição poderia ser uma alavanca na transformação para melhor do Arquipélago dos Açores, já que a educação e o conhecimento são os fatores mais relevantes no desenvolvimento dos Países e das Regiões. O 25 de Abril em termos de oferta do ensino superior possibilitou o surgimento de novas escolas superiores (Universidades) e a sua descentralização regional, já que até esta data, encontrava-se quase exclusivamente concentrado em Lisboa, Coimbra e no Porto. Foi neste contexto nacional, e internamente de uma forte reivindicação a vários níveis, que o poder central foi “forçado” a criar o Instituto Universitário dos Açores, que beneficiou de uma conjuntura de vários docentes naturais dos Açores, ou com fortes ligações aos Açores, tanto no continente português, como das ex colónias, estarem então disponíveis para abraçar este projeto e assim se criaram as bases elementares e suficientes para se avançar com este projeto transformador nos Açores. Eu próprio quando me desafiaram no início da década de 80 do séc passado para vir dar aulas no Instituto Universitário dos Açores, não pensei duas vezes, deixei para trás o que é hoje o ISEG e onde era muito feliz, mas servir os Açores, era mais importante, e foi este o espírito que encontrei e partilhei com colegas pioneiros deste projeto e principalmente do Departamento de Economia e Gestão. 

À fase inicial do Instituto Universitário dos Açores baseado nos Departamentos, seguiu-se a fase da Universidade dos Açores baseada também nos Departamentos, para termos presentemente a fase da Universidade dos Açores (UAc), mas agora estruturada em Faculdades, tendo tido inclusivamente a honra de ter presidido na qualidade de Vice-Presidente do CG à reunião do Conselho Geral da Universidade dos Açores e em substituição temporária do Presidente do Conselho Geral o Engº José Braz, que aprovou esta nova Orgânica e Organização. Da minha experiência como açoriano, ex docente desta Universidade, ex membro do Governo dos Açores, ex membro do Conselho Geral desta Universidade, e ex Presidente do CESA, não tenho dúvidas nenhumas em afirmar que a criação da Universidade dos Açores foi uma das mais importantes e positivas realizações que os Açores tiveram depois do 25 de Abril e em todo este percurso da nova Autonomia Democrática. Naturalmente, a Universidade dos Açores em todo o seu percurso quer em termos de ensino, como na investigação tem obtido resultados positivos, basta verificar o bom  desempenho dos alunos desta Universidade quando vão fazer Doutoramentos em Universidades do continente português, ou, mesmo no estrangeiro, mas também quando estão a trabalhar nas instituições e nas empresas, no entanto, as dificuldades crónicas de financiamento, com que desenvolve a sua atividade tripolar, o facto de estar localizada numa região insular ultraperiférica de pequenas dimensões, estar sujeita a critérios de financiamento que não respondem cabalmente às sua especificidades, por parte do Governo da República, mas também por parte do Governo da Região Autónoma dos Açores que na sua função suplementar, não consegue ir tão longe como devia ir, por estar limitada por uma forte restrição financeira e insuficiente nível de receitas próprias para fazer face às suas responsabilidades, ter relativamente poucos alunos, limita a capacidade de resposta da Universidade dos Açores, incluindo a necessária continua  renovação dos seus Docentes, Investigadores e Recursos Técnicos e Humanos em Geral. Esta nossa Universidade localizada numa das fronteiras da União Europeia, e a meio caminho entre a Europa e a América do Norte, não longe de África, e fazendo parte das ilhas da Macaronésia, há muito que deveria ter um papel estratégico no ensino e na investigação, inclusivamente de liderança mundial em alguns ramos da ciência, bastando para tal que as autoridades competentes nacionais, regionais e europeias parassem para pensar e agir. Aqui está por exemplo um Desafio a abraçar por parte dos nossos Deputados no Parlamento Europeu.

Finalmente, estando a Universidade dos Açores a 1 ano de fazer 50 anos, fica aqui o Desafio para a própria Universidade dos Açores lançar internamente um espaço de debate dedicado ao seu próprio futuro, que envolvesse os Docentes, os Investigadores, os Órgãos de Governo Próprio, as Autarquias e a Sociedade Civil e cujos resultados fossem revelados no âmbito da celebração do Aniversário dos 50 anos da Universidade dos Açores.

 

Gualter Furtado-Economista Conselheiro-Membro da Ordem dos Economistas CP n⁰ 752

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