Plantaram o cartaz onde outros têm votos de Boas Festas, serviços de telecomunicações, anúncios de réveillons, perfumes, casas devolutas para venda, Pais Natal, óculos e aparelhos para a surdez, enfim, toda a sorte de propaganda. Os tons são natalícios, mas num partido laico o verde e o vermelho tomam a cor da Nação, patrioticamente e sem desvio ideológico.
O cartaz está aí, plantado em rotundas, vilas, esquinas e estradas, como quem semeia ervilhaca nas vésperas da consoada (seguramente, não vai medrar a tempo). Veio de Lisboa, de onde agora vem o sentido do voto, os anúncios, o mando e os vídeos debitados com teleponto. O cartaz veio para cá, foi para Algodres, Pinhal Novo, Carregosa e Aljezur, para todas as partes, grandes lugares e lugares recônditos, onde há um português para convencer, uma alma desavinda para catequisar.
No Natal a generosidade multiplica-se na proporção inversa à avareza dos outros dias. E se duas vezes somos crianças, então os velhinhos pensionistas estão a tempo de acreditar no Pai Natal. Ou de acreditar no PS, o que é uma redundância. Entre luzes e fitas, proclamam os cartazes, repito, vindos da capital, que “as pensões vão subir por causa do PS”. A consoada promete ser farta e teme-se que lá para o Carnaval o desfile de manigâncias se transforme numa verdadeira folia orçamental. Longe do poder, sobra àquela gente em inspiração o que antes só era manipulação.
Aliás, sem cartaz próprio, ilha a ilha, a trupe local multiplica-se em ideias tão errantes quanto os reis Magos, sem destino à vista. Falta uma estrela.