A líder parlamentar do PS/Açores disse hoje que o Plano e Orçamento regional para 2025 é apresentado por um governo (PSD/CDS-PP/PPM) “do faz de conta” e arrogante, que “dialoga com uns poucos, ignorando os restantes”.
“Este é o Orçamento de um governo do faz de conta. Faz de conta que é rico, promete tudo a todos, não paga nada a ninguém”, disse Andreia Cardoso.
No discurso proferido na Assembleia Legislativa, na Horta, durante as intervenções finais do debate do Plano e Orçamento da região para 2025, apresentado pelo Governo de coligação, a líder parlamentar do PS açoriano referiu que o executivo “nega todos os dias” atrasos nos pagamentos a fornecedores e a funcionários públicos.
“Este não é o Orçamento do PS. Este é o Orçamento de um governo arrogante: que dialoga com uns poucos, ignorando os restantes”, disse.
E prosseguiu: “Esta arrogância perdura, mesmo quando a solução de governo apresentada pela coligação a este parlamento é mais frágil e instável que a anterior e mesmo apesar do Programa do Governo ter sido aprovado apenas pelos três partidos da coligação, sem o apoio dos outros cinco partidos representados no parlamento”.
Na opinião de Andreia Cardoso, “não devia ser assim”: “Se outras razões não houvesse, estas deviam ser mais que suficientes para levar o presidente do Governo [José Manuel Bolieiro] a refletir e dialogar mais, em vez de se entrincheirar no comodismo da política da coligação”.
“No entanto, isso voltou a não ocorrer. O governo continua arrogante e não dialoga com todos os partidos políticos”, salientou, indicando que o PS “se predispôs ao diálogo, disse presente e foi praticamente ignorado”.
A líder parlamentar do PS lembrou que o partido “tem a mesma representação parlamentar do que o maior partido da coligação governamental, o PSD” e é o único com representação parlamentar em todas as ilhas açorianas.
“Esta atitude pesa negativamente sobre o governo e especialmente sobre o presidente do governo e mostra que as palavras bonitas de humildade e transparência e a alegada centralidade do parlamento não passam, afinal, de pura retórica para encher discurso e alegrar a claque”, declarou.
Andreia Cardoso afirmou também que o Orçamento é apresentado por “um governo negacionista”, que “nega o resgate, mas pede ajuda à República”.
A parlamentar lembrou que o PS, chamado a contribuir para os documentos em discussão, apresentou em setembro 11 propostas concretas ao governo, “mostrando abertura ao diálogo e disponibilidade para viabilizar os documentos de planeamento em caso de aprovação das mesmas”.
“De então para cá, o presidente do governo oscilou entre juras de diálogo com todos e a total indisponibilidade para negociar”, lamentou.
Andreia Cardoso reforçou ainda que o Orçamento apresentado “não é, nem será, o Orçamento do PS”.
“Há um mar imenso de diferenças entre o que faria o PS se fosse governo e o que tem feito esta coligação nos últimos quatro anos. Votámos naturalmente contra o Programa de Governo porque este corporizava exatamente esta divergência”, disse.
Antes da intervenção da líder parlamentar, o presidente do PS açoriano, Francisco César, numa mensagem publicada nas redes sociais, anunciou que o partido vai votar contra o Plano e Orçamento, considerando que aqueles documentos consagram um “conjunto de políticas erradas” e lamentando a falta de resposta do executivo às propostas socialistas.
O Orçamento dos Açores para 2025, que define as linhas estratégicas do executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM para o próximo ano, atinge os 1.913 milhões de euros, dos quais cerca de 819 milhões são destinados aos investimentos previstos no Plano.
Os documentos foram discutidos entre segunda-feira e hoje e na quinta-feira começam a ser votados.
O parlamento dos Açores é composto por 57 deputados, 23 dos quais da bancada do PSD, outros 23 do PS, cinco do Chega, dois do CDS-PP, um do IL, um do PAN, um do BE e um do PPM.