Gualter Furtado

Nos últimos tempos os investimentos privados mais relevantes nos Açores estão todos ligados ao consumo, principalmente ao das famílias.

Isto significa o quê?, que estes investidores estão convencidos que existe procura e existe dinheiro disponível nos Açores para alimentar a venda de produtos, designadamente na área do ramo alimentar.

Face a este rumo da economia açoriana, pelo menos duas questões se levantam, a primeira é de onde vem este dinheiro?, certamente que a função pública pela sua dimensão na Região explica em parte esta procura, mas os fundos comunitários pelos efeitos diretos e indiretos que induzem na economia açoriana também contribuem para a dinâmica desta intensa procura.

A segunda questão que se impõe, é de onde vêm estes produtos e alguns serviços que alimentam esta procura?, naturalmente que uma parte é gerada na própria Região, designadamente no agro alimentar, mas a parte de Leão vem do exterior, por via do aumento das importações, em síntese, com este modelo, estamos a melhorar o bem estar económico e social dos residentes e de alguns turistas, mas a nossa sustentabilidade deixa muito a desejar, já que a fixação de valor acrescentado líquido é muito reduzida e a nossa balança comercial é em toda esta dinâmica fortemente negativa.

O acompanhamento científico e real deste processo só pode ser mensurável com a disponibilização de estatísticas credíveis e atualizadas, da balança de mercadorias, serviços e rendimentos e capitais da Região, o que não existe nos Açores, ainda que a nossa experiência indique que este modelo que temos atualmente na Região favorece mais as importações do que as exportações.

Isto explica em parte a trajetória da nossa Dívida Pública e também Privada.

Alguns Países e Regiões começam a impor a estes investidores na área da grande distribuição e consumo, regras e imposições de investimentos internos em bens transacionáveis e virados para a exportação, e em boa verdade já existem nos Açores algumas poucas experiências e investimentos ligados a esta estratégia, ainda que não regulada, é este o caminho a seguir para o aumento das nossas exportações, e aumento de receitas próprias e que não podem restringir-se apenas aos impostos indiretos.

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