O orçamento do estado para o próximo ano afetará o nosso futuro, e não apenas durante esses 12 meses… Como o PCP já denunciou, no que respeita aos Açores, continuarão por cumprir os deveres do estado na segurança, na justiça, no serviço público de televisão e em tantas outras matérias.

Continuarão a aumentar as verbas entregues às grandes empresas. Serão 4 mil milhões de euros em benefícios fiscais, em verbas injetadas na banca falida, para as PPP e na descida do IRC. Isto, beneficiando apenas 0,1% das grandes empresas, as mesmas que tiveram lucros perfeitamente obscenos à custa da especulação e da inflação que elas próprias produziram. Às grandes empresas que vivem do negócio da doença, serão entregues 55% das verbas para a saúde, ou seja, para esses privados vai mais dinheiro do que para o serviço nacional de saúde, quando este sofre, há anos, de subfinanciamento crónico, com as consequências que se conhecem para a generalidade dos utentes.

Para acomodar estas opções, foi preciso fazer cortes… nos salários, que são comidos pela inflação, na investigação científica, que perde 68 milhões, nos serviços públicos, agravando o subfinanciamento, no investimento na habitação, no serviço nacional de saúde, na escola pública… a lista de cortes é longa! E assim se explica que não se tenha falado, durante meses, do conteúdo do orçamento. Assim se explica que, ainda hoje, com o orçamento já apresentado e aprovado na generalidade, pouco se fale do seu conteúdo! É que, ao governo e ao grande poder económico, não seria bom que fossem bem conhecidos os seus desequilíbrios e injustiças…

Assim, ficam as perguntas: como é possível que o PS viabilize um orçamento que a própria extrema direita já assumiu que teria aprovado, se fosse necessário? Como é possível que o PS viabilize um orçamento que poderia ter sido apresentado pela Iniciativa Liberal, pela Troika ou por Passos Coelho? Talvez a resposta esteja no facto de o PSD e o CDS terem governado confortavelmente com o orçamento do PS. Talvez este seja um orçamento que dá continuidade às opções dos governos do PS, sobretudo às dos últimos quatro anos…

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