O equipamento do Observatório da Montanha do Pico vai ser renovado, contado a Universidade dos Açores com um apoio de 250 mil euros do Governo Regional para o investimento, segundo um protocolo hoje assinado.
“Nos últimos anos, fruto de vicissitudes que tiveram a ver com a [pandemia de] covid-19 e com a necessidade de fazer um investimento na renovação de equipamentos, o observatório tem sofrido um abrandamento na sua atividade”, reconheceu a reitora da Universidade dos Açores, Susana Mira Leal.
A responsável pela academia açoriana e o secretário regional do Ambiente e Ação Climática, Alonso Miguel, assinaram hoje um protocolo de cooperação para a modernização tecnológica do Observatório da Montanha do Pico, no valor de 250 mil euros.
Em declarações aos jornalistas, Susana Mira Leal referiu que os dados científicos que têm sido recolhidos pelo Observatório da Montanha do Pico têm sido tratados para “produção de conhecimento para a comunidade científica”, o que “tem um valor que é transregional”, bem como servem de “apoio à decisão governamental”.
O Observatório da Montanha do Pico é gerido por um cientista do Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos (IVAR).
O secretário regional do Ambiente e Ação Climática, por seu turno, declarou que o observatório “tem uma localização única, no topo da montanha do Pico, o ponto mais alto de Portugal, o que “configura um estatuto a nível internacional de grande relevância”.
De acordo com Alonso Miguel, “não é possível replicar essas condições em qualquer outro ponto do Atlântico Norte, potenciando-se a posição geoestratégica dos Açores” e colocando-se a região “numa posição de vanguarda em relação à investigação científica” no quadro das alterações climáticas.
Com este apoio financeiro, acrescentou, será possível fazer a leitura de dados que “são muito importantes dos aerossóis, dos gases transportados em massas de ar, da atividade vulcânica”.
Ainda segundo o titular da pasta do Ambiente, o Observatório da Montanha do Pico “permite também ter um papel importante do ponto de vista de observação espacial”, servindo de “ponto crítico para a recolha de dados”.
Estes dados, continuou, “permitem depois validar as plataformas que existem de observação espacial distribuídas pelo Atlântico Norte” e, “com isto, permitir modelos de previsão que permitam, de facto, compreender melhor os fenómenos climáticos à escala global, interpretando um pouco as alterações climáticas”.
O Observatório da Montanha do Pico “é um centro de investigação estabelecido nos Açores integrado num esforço internacional para estudar o clima e monitorizar a poluição na região do Atlântico Norte”, de acordo com o IVAR.
No local são recolhidas amostras de massas de ar “transportadas acima da camada limite marinha (ou da troposfera livre inferior) por longas distâncias da América do Norte, do Ártico, da África, da Europa e do Atlântico equatorial”.
A localização estratégica e a elevada altitude tornam o observatório “verdadeiramente único em relação a outros observatórios na bacia do Atlântico Norte, além de fornecer uma excelente base para vigilância de vulcões”.