O comandante da PSP nos Açores considerou hoje “muito perigosa” a proposta do Chega, de permitir a “caça aos ratos e as às rolas” com armas de fogo, lembrando que essa “é uma atividade proibida” pela lei atual.
“Não estou a ver os agricultores a usarem armas de fogo para combaterem os ratos. Isso seria uma prática muito perigosa. Muito perigosa, mesmo!”, frisou o superintendente Valente Dias numa audição na Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, reunida em Ponta Delgada.
Em causa estava a discussão de uma anteproposta de lei apresentada pelos cinco deputados do Chega no parlamento açoriano, que pretende alterar o quadro legal em vigor, no sentido de permitir que os agricultores açorianos possam recorrer a armas de fogo para combater pragas como os ratos e as rolas, que “causam elevados prejuízos” nas culturas.
“Os outros métodos de controlo como os rodenticidas, as ratoeiras ou armadilhas, por vezes, não são eficazes, o que leva alguns agricultores a terem de recorrer a armas de fogo e de ar comprimido para se verem livres destas pragas”, recordou um dos autores da proposta, Francisco Lima, lembrando que, muitas vezes, aqueles que utilizam armas de fogo para combater pragas “são autuados e perseguidos”.
A intenção do Chega é incluir os ratos e as rolas na lista de espécies cinegéticas, ou seja, aquelas que é permitido caçar, mas o comandante da PSP nos Açores considera que “a caça e o controlo de pragas são coisas diferentes”.
“Há mecanismos próprios que têm como objetivo o controlo de pragas”, recordou Valente Dias, lembrando que essa matéria deve ser analisada pelos setores da agricultura, ambiente e saúde pública”, mas não pelas forças de segurança.
Também Diogo Caetano, da Associação Amigos dos Açores, considerou não fazer sentido que os ratos possam ser caçados com recurso a armas de fogo, embora admita que o aumento dos roedores possa transformar-se num problema de saúde pública.
“Na nossa opinião, não faz qualquer tipo de sentido. De forma alguma, podemos entender o rato como uma espécie cinegética”, insistiu o ambientalista, adiantando que, “muitas das vezes”, é o próprio homem que cria o desequilíbrio na natureza, com as suas ações e omissões, que faz com que determinadas populações de roedores e de aves se possam multiplicar.