Os partidos da oposição presentes no congresso regional do PS/Açores manifestaram disponibilidade para dialogar com o PS e apontaram várias críticas à atual governação da coligação PSD/CDS/PPM, mas também divergências com os socialistas.
“Estamos sempre dispostos a dialogar e a dar os nossos contributos, reconhecemos que somos partidos distintos com programas distintos e se há alguns aspetos em que temos posições aproximadas ou coincidentes, há também muitos aspetos que nos separam”, afirmou Vera Pires, do Bloco de Esquerda, em declarações à RTP/Açores, à margem do 19.º congresso regional do PS/Açores.
No discurso de encerramento do congresso, o novo líder regional socialista, Francisco César, disse que “mais do que um partido de oposição” o PS tem de se “afirmar como um partido de construção”, manifestando-se disponível para procurar consensos em matérias fundamentais para a região.
A dirigente do BE destacou como aspetos positivos na moção de orientação global, aprovada por unanimidade pelos socialistas açorianos, a preocupação com o combate à precariedade e a defesa do acréscimo regional à remuneração mínima nacional, mas manifestou discordância com “pontos de vista liberais”, como a defesa de parcerias público-privadas e uma possível privatização da SATA Air Açores.
Para Luís Quental, da Iniciativa Liberal, o discurso de Francisco César indica que o partido “mantém o mesmo ADN e a mesma forma de fazer as coisas”, mas a IL está disponível para dialogar com PS ou PSD “desde que as propostas apresentadas sejam para resolver os reais problemas dos açorianos”.
“Os Açores têm graves problemas, a nossa autonomia está a ser posta em causa dia sim, dia não, o centralismo anda por aí e nós como região autónoma temos de lutar cada vez mais pelos nossos interesses”, frisou, alertando para “a necessidade de privatizar o mais rápido possível” a Azores Airlines, do grupo SATA.
Dinarte Pimentel, do PAN, considerou que o PS “é um partido com grandes responsabilidades políticas, como partido da oposição ou num eventual cenário governativo”, mas disse que há questões com as quais o PAN concorda e outras em que os dois partidos se distinguem.
Segundo o dirigente do PAN, assuntos como o emprego, a dívida pública, a saúde, a educação, a falta de habitação e o rendimento disponível “são relevantes”, mas, “no desenvolvimento económico e social desejável”, as questões ambientais “não podem deixar de ser prioritárias”.
Aníbal Pires, do PCP, que não tem representação parlamentar nos Açores, disse que a região “está-se a afundar em termos económicos e sociais”, devido a uma “governação medíocre e inepta politicamente”.
“O que a região necessitava era que este governo caísse, que se formasse um novo governo e que o quadro parlamentar pudesse ser alterado e mais equilibrado, com a introdução de vozes que não estão lá e que fazem falta”, apontou.
O dirigente comunista não encontrou, no entanto, no projeto político do novo líder do PS/Açores, a “rutura” necessária com as atuais políticas, alegando que “pode haver diferença na forma, mas as prioridades acabam por ser as mesmas”.
Carlos Furtado, do JPP, que também não tem representação parlamentar nos Açores, defendeu que “o PS tem de ser um partido de construção, mas já vai tarde”.
“O PS, neste momento, aproveitando a fragilidade parlamentar que existe na Assembleia regional, tem condições de ser um partido de governação mesmo sentado nas cadeiras da oposição”, frisou.
O coordenador regional do Juntos Pelo Povo considerou que as críticas feitas ao Governo Regional são “válidas”, mas o PS, pela sua dimensão e pelo conhecimento que tem, está obrigado “a mais do que apontar as críticas” e a apresentar mais iniciativas no Parlamento açoriano.
O Chega não foi convidado e foi o único partido com assento parlamentar ausente no congresso regional do PS/Açores.