O Secretário Regional do Ambiente e Ação Climática, Alonso Miguel, participou na segunda edição das Jornadas Atlânticas do Turismo, na ilha do Sal, em Cabo Verde, uma iniciativa dos Municípios do Sal, de Velas e do Porto Santo, na sequência da sessão inaugural que decorreu, em 2023, no concelho de Velas, ilha de São Jorge.
“Os três arquipélagos [Açores, Madeira e Cabo Verde] possuem realidades semelhantes a diversos níveis, por motivos histórico-culturais e por aspetos ambientais, mas sobretudo por um conjunto de desafios, marcados pela sua insularidade e isolamento, bem como pela dispersão das suas ilhas e exiguidade do seu território, que representam dificuldades acrescidas para garantir um desenvolvimento verdadeiramente sustentável, nos seus três domínios, social, económico e ambiental”, declarou.
O turismo, precisou Alonso Miguel, “é um dos principais motores das economias destes três arquipélagos”.
E prosseguiu: “a nossa capacidade de garantir um desenvolvimento sustentável estará, inevitavelmente, dependente da evolução verificada neste setor”.
Para o governante com a tutela do ambiente nos Açores, “a competitividade do setor turístico está dependente de um vasto conjunto de fatores, agravados pela realidade insular, fragmentação territorial e isolamento, como sejam as acessibilidades, aéreas e marítimas, a oferta turística ao nível da hotelaria, restauração e serviços direcionados ao desenvolvimento do setor, como também da capacidade de atrair turistas nos mercados externos e de satisfazer as suas necessidades, proporcionando uma experiência única e diferenciadora.”
Alonso Miguel afirmou ainda que “é preciso também conferir sustentabilidade ao sistema turístico desenvolvido, designadamente” aos elementos que diferenciam os Açores dos restantes destinos, “que, no caso destes arquipélagos, estão fortemente associados ao património natural, à cultura, tradições e costumes, ao artesanato, à gastronomia e aos produtos locais, como o queijo de São Jorge, produto único, reconhecido internacionalmente, de extraordinário valor acrescentado”.
“Acessibilidades, hotelaria, restauração e serviços turísticos de qualidade são todos aspetos fundamentais, mas que existem um pouco por todo o mundo e, portanto, em destinos turísticos como os nossos, tenho a profunda convicção de que a competitividade está fortemente ligada a uma oferta única e distintiva, associada ao desenvolvimento sustentável promovido por seculares gerações, que nos permitiu herdar um extraordinário património histórico, cultural e ambiental e um vasto conjunto de características únicas e diferenciadoras que temos para oferecer a quem nos visita, que nos cabe a enorme responsabilidade de preservar e de transmitir às gerações vindouras, dando corpo ao conceito de sustentabilidade”, afirmou ainda o governante.
Neste contexto, Alonso Miguel lançou à discussão a questão: “Será, verdadeiramente, a competitividade que serve como fundamento da sustentabilidade turística, ou será, a sustentabilidade dos nossos ativos turísticos, do ponto de vista social, cultural e ambiental, que serve como fundamento para a competitividade turística?”.
Alonso Miguel realçou o importante trajeto que “os Açores têm percorrido para garantir um desenvolvimento sustentável, com vista a preservar o seu património natural, histórico e cultural”, afirmando que o “património natural e ambiental ímpar dos Açores configura um dos principais ativos turísticos, que faz com que a Região se destaque como destino turístico de natureza de excelência.”
De acordo com o governante, “a Região Autónoma dos Açores implementou um vasto conjunto de estratégias, ao longo dos anos, para proteção, promoção e valorização do património natural dos da Região, designadamente com a criação da Rede Regional de Áreas Protegidas, distribuída em nove Parques Naturais de Ilha e um Parque Natural Marinho, de uma extensa rede de trilhos pedestres e percursos interpretativos e ainda de 22 centros de interpretação ambiental, que contribuem de forma muito significativa para envolver, educar e sensibilizar as populações e os visitantes para a importância da preservação dos ecossistemas e de todo o património natural dos Açores”.
Alonso Miguel destacou ainda a excelência do destino Açores, que tem permitido alcançar diversas classificações Mundiais da UNESCO, bem como o prestígio e reconhecimento internacional com a distinção de diversos prémios internacionais, certificando, desta forma, os Açores como destino de natureza de excelência, que nos diferencia e potencia ainda mais do ponto de vista turístico.
“Em realidades como as dos Açores, Madeira e Cabo Verde, tendo em conta as nossas especificidades, a nossa escala e as nossas características, o sucesso para a competitividade, no que se refere ao setor turístico, está absolutamente dependente da nossa capacidade de garantir a sustentabilidade dos nossos ativos turísticos únicos e diferenciadores, associados inequivocamente à natureza e ao ambiente, ao nosso património histórico, cultural e tradicional e à identidade das nossas gentes”, acrescentou.
“São esses os principais ativos que nos distinguem enquanto destinos turísticos, pelo que é fundamental que o modelo de desenvolvimento turístico adotado esteja centrado na sua proteção, promoção e valorização, pois é na sua sustentabilidade que reside a chave para garantir a nossa competitividade, no contexto turístico, bem como para resolver desafios complexos com que nos deparamos, como é o caso da sazonalidade”, disse também Alonso Miguel.
O governante concluiu destacando que “a organização das Jornadas Atlânticas do Turismo prestam, efetivamente, um relevante contributo para o estreitamento de relações entre estes três arquipélagos «irmãos», cujas realidades e desafios se assemelham, designadamente no que ao setor turístico e ao desenvolvimento socioeconómico diz respeito, pelo que a realização de eventos desta natureza cria oportunidades únicas para reflexão e partilha de experiências na procura de soluções e de estratégias para enfrentar desafios comuns, no sentido de garantir a competitividade turística”.